domingo, 26 de junho de 2011

25 semanas

Isto está a começar a complicar. A disponibilidade para vir até aqui contar a pré-história da Rita Catita tem vindo  a desaparecer e a pintelha ainda nem sequer nasceu. Entre o trabalho, o dia-a-dia e os novos affairs relacionados com a cachopa, o tempo tem demonstrado uma tendência natural para gozar connosco.
Tem sido um pouco como uma camisola de lã com um fio puxado. Enquanto ninguém mexe no fio, está tudo tranquilo, é só um fio que se compõe facilmente. O problema é quando se puxa, a camisola desmancha-se mostrando que afinal havia muito mais que um fio pendurado. O mesmo está a acontecer com as obras do quarto da Rita. Inicialmente, há bué de bué de longe no tempo,  tencionavamos apenas fazer uma pequena decoração, uma coisa simples e modesta. Mas depois e porque a vaidade tem sempre a última palavra, resolvemos fazer uma coisa mais elaborada, mais bonita, com lambrins e papeis de parede e móveis a condizer. Depois, e porque já que estavamos com a mão na massa, porque não remodelar também o nosso quarto? Desde aí os nossos fins de semana tem sido ocupados com obras, com compras e arrumações... Mais obras, mais compras e mais arrumações... "And o the story goes, tidadi tidadi tidadidadidadi..."
Com o passar das semanas, as mudanças cá em casa tem sido uma constante. Não só mudanças físicas, como é lógico, mas também (e mais importante) as mudanças ao nível psicológico. A F. que nunca se enterneceu com nada que se relacionasse com a pirralhada, começa agora a esboçar uns sorrisos e uns comentários assustadores relacionados com as roupas miniatura que começam a aparecer por aqui. Por meu lado tenho que admitir que também me sinto mais tolerante e compreensivo com a pirralhada. Se há seis meses um catraio a correr no meio das mesas de um restaurante era um "animalzinho", hoje compreendo que é uma criança normal cujos pais são umas grandes bestas.
Ainda que a barriga da F. há muito não dê para esconder, é admirável a postura que as pessoas adoptam no super-mercado na presença de uma grávida. É certo que gravidez não é uma doença, mas era bom ver alguma simpatia, alguma educação e algum respeito para com os outros... Sabia bem poder alimentar a doce ilusão de que as pessoas não são tão secas como se apresentam na vida social e comunitária.

Segundo o site http://saude.fok.com.br/gravidez/semana-25.html, os membros da Ritinha já estão completamente desenvolvidos e esta passa agora a maior parte do tempo acordada a explorar o útero e a mexer em tudo (deve andar a treinar para arrumar o armário dos sapatos, digo eu...). A ser verdade, porque é que ainda é tão raro conseguir sentir a catraia aos Xutos e Pontapés (aqui fica a singela homenagem)?
Ritinha... Um chutinho pró velhote? Vá lá...

Aparentemente esta semana as mudanças na bebé são imensas, desde um narizinho empinado que já consegue cheirar, a vasos capilares e vasos sanguineos formados, pela mais macia e rosada, eu sei lá... Tanto, tanto...
Com cerca de trinta centímetos e setecentas gramas, Rita Catita lança-se assim na vigésima sexta semana da sua jornada pré-natal. Faltam pouco mais de três meses para o nascimento da fedelha e a cada dia que passa a ansiedade aumenta, a cada vez que a consigo sentir movimentar-se na barriga da F. torna-se mais difícil esperar o passar do tempo que ainda resta, a cada vez que penso na nossa vida após a chegada do nosso pequeno porta-chaves assalta-me as idéias um único e definitivo pensamento: "Ainda faltam três meses.... Ahrrrr... Ainda faltam três meses???"

quinta-feira, 16 de junho de 2011

24 semanas

Bom, finalmente após umas semanas mais atribuladas lá apareceu uma semana em que não se passou nada. É que não se passou mesmo nadinha. Tal foi a ausência de acontecimentos, que do pouco que tenho para escrever hoje diz respeito ao cheque dentário.
Eu já tinha percebido que nesta coisa da gravidez a mulher é tratada como uma rainha. Ele é dispensas, ele é cinco meses ao alto, ele é toda a gente a apaparicar a menina, prioridade no super-mercado... E no final ainda tem direito a um cheque dentário.
Fico feliz. A sério que fico feliz. Primeiro porque ainda que a F. não estivesse a precisar, é grátis e grátis é sempre um conceito a abraçar. Depois porque ao cabo de tanto tempo com o governo, o FMI, a Troika, o ex-primeiro ministro, o novo primeiro ministro, os candidatos a primeiro ministro, todos ao mesmo tempo a tentar enfiar-nos a gadanha no bolso, este cheque até vem quebrar a onda de roubos.
Ao mesmo tempo fico aborrecido. E fico aborrecido porquê? (perguntam as três pessoas que com receio de perder a amizade continuam a seguir este blog)
Porque me sinto descriminado!
Eu também uso dentes. Que por sua vez também doem como os outros, também necessitam de cuidados e atenção médica.
Sinto-me descriminado e sinto-me usado. Sinto que fui usado para gerar esta criança e que agora me tornei dispensável. Sinto-me o verdadeiro Louva-a-deus que após a cópula se despede discretamente e vai morrer sozinho num cantinho afastado (no caso do Louva-a-deus é bem mais grave).
Eu também quero um cheque dentista! Mas quero-o só por querer porque usar não faz parte dos planos, é que os dentistas têm agulhas e eu e as agulhas da-mo-nos malzinho...
Eu acho que isto do cheque dentário deve ser uma espécie de preparação para o registo do grande momento. A mega-foto de família com sorriso chapa cinco. A F. e a bebé, o médico e as enfermeiras, a senhora da recepção, as senhoras da Vadeca, o vigilante de serviço e o entregador de pizzas que apertando-se uns contra os outros e sorrindo como convém, me pedem com graçola e grande lata: "Olhe desculpe, o senhor não se importa de nos tirar aqui uma foto???"
Bom mas falando da Ritinha, que foi quem nos trouxe cá, fiquem sabendo que a vida dentro do útero está a ficar complicada. A Rita está a crescer e o espaço a diminuir, os ouvidos estão a funcionar a cem por cento, logo ruídos fortes ou movimentos bruscos podem assustar a Rita Catita. Os sons á sua volta começam a ser familiares, o bater do coração da F., o respirar, a barriga a roncar de fome, o roncar do pai à noite...
Desde a semana passada que a Rita aprendeu a andar à pancada, desde aí que volta e meia lá dá um soco ou um pontapé nas costelas da F. Quando a F. me chama e eu vou a correr para sentir "a pancada", é silêncio absoluto na mais santa paz do Senhor. Eu mereço...
O desafio lançado esta semana para o pai é, e passo a citar: "Tire muitas fotos da sua esposa. Mesmo que ela não goste, irá curtir mais tarde, quando ficar com saudades daquela "barriguinha". Peça para ela fazer uma pose tipo Demi Moore em Vanity Fair!"  Ahhh...Falar é fácil, né???

domingo, 5 de junho de 2011

23 semanas

De semana em semana os acontecimentos em catadupa sucedem-se com mais frequência, e se comparamos com a semana que passou, esta não lhe ficou nada atrás.
À excepção do Joka, esta semana estivemos todos de "molho" cá na residência do Clã. Primeiro foi a F. logo no início da semana, passando-me o testemunho na quarta feira com o qual corri a maratona a bem dizer até Domingo. A evolução da ciência tem coisas fantásticas, antigamente era frequente adoecermos e não se sabermos qual a razão. Hoje em dia isso já não acontece, hoje em dia é "virose" que anda por aí. Não sabemos que tipo de virose, não sabemos como se chama, como se transmite ou como se evita mas sabemos que "apanhamos uma virose". Bom, mas à base de descanso e Ben-U-Ron a coisa já está sanada e estamos todos de novo de pé e prontos para mais uma corrida. Quem ficou a ganhar no meio de tudo isto foi mesmo o Joka que ganhou companhia por um dia e meio.
Esta semana também ficou marcada por um pequeno incidente. Para ser mais preciso, ficou marcada no para-choques, na grelha e em mais meia dúzia e peças do veículo principal cá de casa. Assim, até que saibamos quanto nos vai custar tirar o sorriso parvo e escancarado com que deixei o coitado, as obras do quarto da Ritinha terão que aguardar mais uns dias.

A pergunta que já calculava que mais cedo ou mais tarde começassem a fazer mas que rezava a todos os Santos para que não tivessem o mau-gosto de fazer, surgiu por estes dias.
- Então, e agora que vais fazer ao cão?
- De facto se calhar quando chegar a casa vou dar-lhe um banho...
- Não... Quando a criança nascer.
- Ahhh.. Ainda não sei. Já pensei nisso. Sabes que não tenho coragem de o dar. Estou pensar mandar esvazia-lo e encher com algodão. Que dizes?
(peço desculpa ás pessoas mais sensíveis mas uma pergunta cretina exige uma resposta à altura)
Quarta-feira foi o dia internacional da criança e não fora a Ritinha a escolher este dia para dar os primeiros toques, como quem diz - "Ó gente, não se esqueçam que eu estou aqui!" e nem nos tínhamos lembrado. É mais uma data que temos que começar a lembrar...

Agora com as novidades da semana vinte e dois completamente "digeridas" e interiorizadas, é altura de analisar os "estragos". Isto de saber que é uma rapariga e não um rapaz afinal até veio resolver uma série de problemas. Todos sabemos o quanto os catraios adoram os cartoons assim como nós no nosso tempo. O He-man, o Vitinho, o Joca Marmota, o Bocas, o Freddy a formiga e tantos outros deram lugar aos Gormitis, aos Transformers e aos Pokemons, o que devo confessar me vinha a preocupar de sobre-maneira. Primeiro porque decorar um quarto tendo como temática os Gormitis parece-me uma aberração. Por outro lado, o Winnie the pooh, que anda sempre comprometedoramente feliz, que tem um amigo tigre que saltita alegremente sobre algo que se parece uma cauda mas nunca ninguém conseguiu provar e um burro com ar de quem está com uma depressão crónica também não me parecia lá grande opção. O Ruca e o Noddy... Bom, para evitar o calão não nos alonguemos no disparate... Assim, parece-me bem mais natural uma catraia com os seus acessórios da Hello Kitty, que de resto tem "assombrado" este humilde lar vai para uns anos. Outro lado francamente positivo, é que todos os penduricalhos da "gata" que andam espalhados pela casa, oportunamente encontrarão pouso permanente no quarto da Rita, libertando assim a restante área das anafadas peças e pecinhas...

E já que falamos na Rita, ficamos a saber que todos s orgãos estão praticamente formados, daqui para a frente é crescer, crescer, crescer! Começa esta semana a ficar mais proporcional, ou seja a cabeça mais proporcional ao corpo (se bem que a julgar pela F. com quase trinta e quatro anos, quando se fala de futebol é cabeçuda que contado ninguém acredita).
A audição está cada vez mais desenvolvida. Perfect timming, uma vez que o campeonato nacional de futebol já terminou e até Setembro é só ensinar coisas boas e palavras bonitas á criancinha... Os olhos e os lábios já estão formados e os médicos aconselham que desde esta altura se comece a falar "prá barriga" de modo a reforçar o laço criança-mãe bem como com o pai.
As semanas sucedem-se rapidamente e à medida que o tempo vai passando tudo me vai parecendo mais delicado e os problemas não tão problemáticos.
Já dou comigo a imaginar a Rita Catita, como gosto de lhe chamar, connosco, a brincar com o Joka, a fazer as danças do Panda e a acordar-nos ás quatro da matina a dizer - "Abram-me a porta, esqueci-me da chave!". Até os fatos cor-de-rosa e os berlicoques da Hello Kitty têm vindo a ganhar alguma graça. Bom, daqui até Setembro são só mais dois passos de coelho. Fiquem por aí e vamos falando...