Ora então aqui estou eu apanhado no limbo da pré-paternidade. Hoje é dia do pai e pela primeira vez senti uma espécie de crise de identidade parental. Não sei se sou pai ou se não sou pai.
Será que posso considerar-me pai antes do nascimento da criança?
José já era pai de Jesus antes de 25 de Dezembro do ano -1? Sinto-me um pouco como um lavrador sem campo. É esquisito, se é que me entendem.
Por outro lado, eu sei que sou pai. A barriga da F. está a crescer. O pirralho está lá dentro, no seu spa privado. Quando a criança nascer, não posso é ligar ás pessoas dizendo - "Já nasceu, já sou pai!" - É contraditório. E a contradição é coisa feia.
Outra pergunta: Porque é que o pai está de parabéns? Por uma coboiada bem feita? Por ter pelo menos um girino entre milhões que foi perseverante, destemido e que enfrentando chuva, ventos e encontrões levou o seu trabalho até ao fim?
Dar os parabéns à mãe eu até entendo, aguentou nove meses com enjoos, com suores, com doze ou treze quilos pendurados na barriga, o parto... Ok, de facto está de parabéns! Agora o pai... Bem, o pai aturou os desejos e indisposições da mãe...
Será que o "parabenizar" o pai foi feito pela primeira vez em tom jocoso pensando nas noites em claro, nas fraldas, nos banhos e nunca ninguém percebeu?
- És pai? Então muitos parabéns... Pela rica alhada em que te meteste. A ti e à pobre da F...
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