sexta-feira, 8 de abril de 2011

15 semanas


Na próxima vida se puder escolher, vou escolher ser ginecologista!
Aliás, só não o faço ainda nesta vida por dois motivos:
- Primeiro porque a F. não ia gostar. Ia ficar "aborrecida" e acreditem em mim, não queremos ver a F. "aborrecida". E ainda que ela assentisse com a minha nova carreira, aí quem não ia gostar era eu! Ir trabalhar com boxers de ferro fechados a aluquete, deve ser coisa para cansar um bocado e uma grande chatice para correr atrás do metro, já para não falar da execução das funções orgânicas básicas.
- O segundo motivo prende-se com o facto de já ter trinta e quatro anos. Entre provas de acesso à faculdade, quatro ou cinco anos a estudar para doutorar e mais um ano de estágio (não-remunerado), quando estivesse habilitado a exercer já estaria a cair de velho, e se há coisa que toda a gente sabe é que um "ginecologista velho" afugenta as senhoras com mais eficácia que um repelente afasta os mosquitos no campismo. O que se diga, acaba com qualquer perspectiva de negócio.

Calculo que por esta altura estejam a pensar porque é que eu gostava de ser ginecologista e tendo em conta a requintadíssima consideração em que têm os homens deste país, eu incluído, provavelmente já estarão a levar a coisa para a ordinarice, ao que vos respondo - "Deviam ter vergonha!"
Eu gostava de ser ginecologista por quatro razões.
- Em primeiro lugar porque gosto da palavra. Tem um "Je ne sais quoi" de científico e de distinto.
- Em segundo lugar porque é uma profissão conhecida pela generalidade das pessoas. Cada vez que me perguntam o que faço e respondo que sou "Projectista", causa-me impressão ter que explicar... Se fosse ginecologista, estava explicado por natureza.
- Em terceiro lugar porque ia ser o tipo mais invejado do quarteirão e ainda que a inveja seja uma coisa muito feia, ser invejado é uma coisa muito bonita!
- Em quarto lugar, porque ganham uma pipa de massa! E aqui sim, é que a porca torce o rabo. É importante reiterar que não estou a chamar porca a ninguém, tampouco alguém sairá daqui com algo torcido.
A verdade é que com o valor que custa cada consulta, ao fim de uma gravidez dava para mandar cantar cinquenta cegos com direito a "encores múltiplos".
No entanto, verdade seja dita, mesmo com a maquia que hoje ficou na ginecologista da F. só tenho que agradecer à senhora. Gostava de lhe dar um beijinho! Foi dinheiro muito bem gasto. Melhor que isto, só mesmo em peças de bicicleta ou em assinaturas de revistas marotas. Afinal de contas a senhora disse à F. que estava com um bom peso, o que me poupa ter que a aturar. Depois porque me deu fotografias novas do pirralho e isso para um futuro pai não vale uma fortuna, vale duas.
Só não me deu (uma vez mais) a certeza se é pirralho ou pirralha. Diz que a criança é tímida e não abre as pernas por nada deste mundo. Que fazer? Bem, por um lado até fico feliz. Ao mesmo tempo também fico triste. Fico triste por se manter o impasse se vai ser um catraio ou uma catraia e fico feliz por saber que se for catraia, não abre as pernas com facilidade. Parecendo que não é coisa que deixa logo um pai mais descansado...

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