Na sexta-feira a F. foi fazer o teste da glicose. Há semanas que andava apreensiva com este exame pois não havia viv´alma que não lhe dissesse o quão terrível era ter que o fazer. Há quem não consiga, há quem vomite, quem tenha que o repetir, eu sei lá... Uma aventura! Resumidamente, o exame consiste na ingestão de um líquido intragável em jejum e aguentar os cavalos sem vomitar durante duas horas. Depois disso, é só tirar seis frascos de sangue para a dita análise. Esta é uma daquelas alturas em que ergo os bracinhos ao céu e agradeço ao meu paizinho não me ter feito mulher... Seis frascos de sangue... Bom, o que é certo é que a F. à sua boa maneira, aguentou-se como uma brava. Fez o exame, aguentou as duas horas, tirou o sangue e no fim despediu-se olhando sobre o ombro com um sorriso e um piscar de olho.
Domingo já foi um dia mais complicado. Com esta coisa da paternidade e como já tivemos oportunidade de constatar anteriormente, os hábitos vão-se mantendo embora com "ligeiras" alterações. Assim, como em tantas outras ocasiões, no domingo fomos a uma feira na Exponor. A "ligeira" diferença é que ao invés da feira ser o Salão Automóvel, a Feira Canina, a Feira Do Desporto ou a Vida Natura, desta feita foi a "Ser Mamã"... Logo à partida só pelo nome da feira já estaria tudo dito, mas há no entanto uma ou duas coisas dignas de destaque.
Nesta feira tudo é fófinho. As meninas têm todas barriguinha e os acompanhantes têm todos cara de parvo. Eles pavoneiam-se ao lado delas de peito feito como quem diz - "Estão a ver esta barriguinha aqui? Fui eu que fiz... É o meu filho que está lá dentro". Até teriam algum valor se nesse pavilhão não estivessem mais quinhentos Super-heróis nas mesmas condições.
A meio da feira encontramos uma personagem única - O senhor da crio-preservação, sector privado é claro.
- Então já conhecem a crio-preservação que consiste em retirar as células do cordão umbilical?
- Já e vamos fazer, já estamos inscritos.
- Ah pois mas nós não retiramos células do sangue retiramos quinze centímetros de cordão...
- E em termos práticos qual é a diferença?
- É que eles retiram células do sangue e nós retiramos quinze centímetros de cordão...
- Sim, mas traduzido em aplicações práticas isso quer dizer o quê, que vantagens tem no futuro?
- Eles tiram sangue e nós tiramos quinze centímetros de cordão...
- Ah... Percebo... Deixe-me pensar no assunto...
Coisas porreiras como carros telecomandados, helicópteros, modelos da burago ou playstations não havia lá na feira. Só fraldas de trezentos euros, sacos para enfiar os bebés a dormir e um senhor que corta quinze centímetros do cordão...
No que diz respeito a limpezas... Está tudo a correr bem, obrigado! Felizmente sou o único homem lá em casa, caso contrário ia haver problemas graves. Pêlos de barba deixados a marinar no lavatório eram coisa para me enfurecer e fazer saltar a tampa.
Esta semana, o bebé começa a desenvolver o cérebro, processo que de acordo com os entendidos dura até aos cinco anos, ou seja, até ingressar na escola. Aí o desenvolvimento pára, o que faz algum sentido. A criança já tem cabelo, e esta eu não sabia, o cabelo é completamente branco. O paladar já se está a desenvolver, o que é bom pois a única coisa que o bebé tem à disposição é líquido amniótico... Já tem unhas e sobrancelhas, pesa quatrocentas gramas e o comprimento é de dezanove centímetros.
E agora... O ponto alto desta semana que propositadamente deixei para o fim... Quando dizia na semana passada que a ecografia das vinte e duas semanas seria bastante interessante, nem eu próprio sabia o quanto. Quando já davamos como certo estar á espera de um moçoilo, um mini-me, um "Rodrigo, o rei das catraias..." Eis que ainda nem me tinha sentado no consultório e já o médico estava a dizer à F. - "Eh lá, temos aqui uma menina, não tenho dúvidas nenhumas". Pronto... Não tem dúvidas nenhumas? Tinha que ser assim tão conclusivo? Custava ficar na dúvida? Custava ter ido mais ao de leve com o meu pobre coração? Custava preparar-me para a notícia? Custava???
Quando todos diziam ser um rapaz, o meu sogro e a sua agulha amestrada, a senhora da limpeza e a forma da barriga, as tabelas astrais, as outras ecos, e apenas dois indíviduos que se encontravam na altura altamente embriagados teimaram comigo que era uma rapariga, não é que afinal eles é que tinham razão?
Fiquei um pouco "duh", admito, embora a minha preferência sempre tenha recaído sobre a possibilidade de ter uma menina do papá, com tanta gente durante tanto tempo a dizer que era rapaz, confesso que já me tinha habituado à ideia e já criava espectativas. Bom, mas após o choque inicial e um copo de água com açucar, dá para tirar algumas conclusões:
Em primeiro lugar, a banheira cor-de-rosa que tinhamos e que tanto preocupava toda a gente, afinal já não é um problema. Depois, é impressionante como um pequeno acontecimento como o de hoje pode mudar tanto a forma como vemos o mundo. Em relação aos putos dos nossos amigos que tanto gostava, que até aqui eram meus sobrinhos, putos do peito, "my homeboyz", de repente não consigo pensar neles sem pensar que são futuros abutres sedentos. De repente todo o catraio me parece um potêncial inimigo. Até o pequeno Tomás do fundo dos seus cinco meses já revela um certo olhar de tarado.
Há uns anos gozava com um amigo que teve uma miúda incentivando-o a comprar uma caçadeira para afastar os fulanos na adolescência. Guess what? "I started a joke, but the joke was on me..."
P.S. Oh Ritinha tão bonitinha do pai... :)
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