Penúltima semana antes da maior mudança de que tenho memória. A verdade seja dita que não é lá grande referência, uma vez que a minha memória tem uma duração média de 3 segundos chegando no entanto a alcançar os 5 quando sóbrio, relaxado e por tempo claro. Mas estou certo que é uma das maiores senão a maior mudança de sempre. A partir da próxima semana deixamos a vida tal e qual a conhecemos (adoro esta expressão), deixamos de ser dois para ser três. Ou melhor, deixamos de ser três para ser quatro. Já não somos dois desde há seis anos quando o caramelo do Joka Eucádio se cansou dos ares Lisboetas e se mudou da Costa da Caparica para a Maia (sim, o Joka é um betinho).
Esta semana tem sido relativamente calma o que me deixou algum espaço para pensar no futuro próximo. Tenho tentado fazer um exercício mental que consiste em imaginar como será a vida daqui a uma semana comparativamente com a que temos hoje.
É estranho, mas não consigo. As rotinas e os hobbies, os hábitos que criamos durante anos e anos, simplesmente não são compatíveis um recém nascido sem que haja lugar a grandes alterações nas rotinas. Como diria um famoso jogador de futebol da nossa praça, "Sem que a vida dê uma volta de 360º".
Isto quer dizer mais exactamente o quê?
Amanheceres tardios? Já fostes!
Saídas para jantar e cinema? Já fostes!
Noites sossegadas de sono? Não tinha muitas mas agora... Já fostes!
O copo ocasional no Batô, os almoços ás quatro da tarde e os raids de BTT? Sei lá... Espero sinceramente que "Não fostes!"
Bom, mas por agora avizinham-se quatro semanas de "semi-ócio". Uma pequena pausa do stress do quotidiano laboral absurdo que ao longo dos anos deixei que me fosse absorvendo. Um mês de completa e absoluta concentração na Ritinha, na F. e no Joka. Que mais posso pedir?
E se tiver que perder noites de sono? Pela primeira vez na vida são por um bom motivo...
Apesar do relaxamento que o afastamento do trabalho proporcionou à F. noto que o aproximar do grande momento tem provocado nela um nervoso miudinho. Anda mesquinha o raio da rapariga.
"Fecha o frigorífico", "Olha o pano que está torto!", "Pega num prato que o chão está limpo".
Esta semana cismou que eu havia de atravessar a casa de lés a lés ás escuras e encontrar o comando do DVD sem acender a luz porque esta teve um aumento no IVA (eram 22h00 em Portugal continental).
Não sei se é pela cesariana em si. Não sei se é por ter que ir uns dias para o hospital. Não sei se é por ter que deixar o Joka ao meu cuidado tendo que confiar em mim a responsabilidade de o alimentar e levar a passear a horas (o que nos remete de novo para o meu problema de memória). Não sei se é simplesmente a ansiedade provocada pelo tempo que resta.
Não sei se é por isto, se é por aquilo, se é por tudo ou se é por nada. Porque sim ou porque não. Não sei. Não sei até se ela já se apercebeu, mas se não se apercebeu não vale a pena dizer nada, pois em abono da verdade já só faltam mais uns dias.
E porque falamos em hospitais, levanta-se a seguinte questão:
Hoje em dia já ninguém tem filhos em hospitais públicos?
Cada vez que alguém me pergunta onde a Rita vai nascer sinto que esperam da minha parte uma escolha de um hospital todo XPTO, privadíssimo, com porteiro e recepcionista e tudo e tudo e tudo. Um hospital com nome de um santo ou então de uma cidade mais a Norte. Mas não, lamento informar mas por razões inexplicáveis, ainda acredito que os hospitais públicos têm médicos competentes o suficiente para realizar um parto e deixar que lhes confie a saúde da F. e da minha filha.
Para terminar, uma pequena nota relativamente a algo que se passou por estes dias e que me deixou um pouco apreensivo e até assustado.
Lembram-se da pequena Rita que durante oito meses não se mexia? Pronto. Durante este último mês tem mexido como uma louca,. Não sei se anda a fazer "private parties" na barriga da F., se anda a fazer alongamentos para esticar os músculos ou se anda a ter lições de paso doble. Sei que quando eu vou a correr para pôr a mão, como sempre pára todo e qualquer movimento. Porém esta semana durante um jogo do FCP, não só rebolava como uma louca, como nem a minha mão sobre a barriga da F. fez com que parasse.
Bom, o FCP ganhou e a Rita ainda continuou com os festejos durante mais vinte minutos.
Uma portista cá em casa bem ou mal ainda se aguenta... Mas duas? Lord have mercy on us!!!
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
37 semanas
Estamos a chegar ao fim desta jornada, já deixamos para trás trinta e sete semanas e faltam apenas duas para completar a pré-história da Rita.
Duas semanas iguais a todas as outras mas que no entanto me parecem dois meses. Ao mesmo tempo, o tempo que falta parece-me pouco para tudo que ainda falta fazer. O que é que falta fazer? Sei lá, acho que nada. Ainda assim não sei se vou ter tempo!
As aulas de preparação para o parto terminaram. Com elas terminaram os olhares de desdém que a F. levava de cada vez que alguém dizia em voz alta a palavra "cesariana". Acho que no fundo a F. representava para o resto das futuras mamãs uma espécie de Robocop da maternidade.
Não percebo o porquê da surpresa, por um motivo ou por outro, todas elas em alguma altura serão alvo da sobranceria do colectivo.
Uma porque é um pãozinho sem sal, até um supositório consegue ter mais sex-appeal.
A outra que para ser um sofá só lhe faltam duas almofadas (ás vezes quando vem de carteira juro que não é fácil distinguir).
E a outra? Sim essa, a Brasileira que fala pelos cotovelos e já ninguém a pode ouvir. Que já teve todas as doenças do mundo quando era piquéniná, né?
Falam mal umas das outras, medem-se de cima abaixo, avaliam-se e vão-se testando umas ás outras com sorrisinhos e comentários "construtivos" carregadinhos de segundas, terceiras e quartas intenções. Enfim, nada de novo no mundo das mulheres.
Já os maridões são mais directos e objectivos. Desde o dia em que me lançaram o olhar do "Estou-te a ver, juízinho que eu estou-te a ver!", mantiveram a coerência e saí de lá conforme entrei. Não fomos beber cervejas, não fizemos o "male bonding" nem partilhamos e-mails de baixo nível. Nada, nickles, népia, nichts, nestes; nerone!
A última aula desta semana foi assustadora. Primeiros-socorros.
Aquilo que tentamos convencer-nos a nós próprios que nunca iremos precisar, que só acontece aos outros e aos filhos dos outros que são tão otários que nem sabem engolir convenientemente.
Eu sei que as crianças não andam por aí a bater com a cabeças nas paredes ou a entalarem-se com pedaços de pão e caroços de azeitona, ou será que andam?
E se isso acontecer quem é que eu quero ser? Quero ser o tipo que teve vergonha de pegar no boneco e dar-lhe dois valentes murros nas costas para expelir o grão-de-bico que foi para o sitio errado, ou o que prestou atenção ás aulas de preparação, fez ressuscitação cardio-vascular num boneco que faz chichi e diz "gosto tanto de ti, abraça-me" e aprendeu as práticas que podem vir a salvar a vida de um filho?
Estas dúvidas fazem-nos pensar no significado de ter um filho. Os vários pontos de vista possíveis.
Ponto de vista romântico - É o resultado do amor entre mim e a F.
Ponto de vista cientifico - Não passa do resultado de uma caboiada e ponto final.
Ponto de vista teológico - O padre da freguesia jura a pés juntos que é uma dádiva de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ponto de vista Social - As finanças esfregam as mãos pois para eles é mais uma contribuinte.
Para mim? Não sei.... Sei que nunca senti tão pouco controle sobre mim próprio, sobre os meus próprios sentimentos e medos. De repente deixei de ter vontade de comprar coisas para mim, tudo me parece dinheiro mal gasto, já com coisas para a Rita são sempre um bom investimento.
Ansiedade? Chegou a novos níveis. Actualmente vivo ansioso, já se tornou uma forma de estar. Vivo ansioso que a Rita nasça, vivo ansioso por lhe dar o primeiro banho, por lhe pegar ao colo a primeira vez, vestir-lhe o primeiro fato que lhe compramos e que tem umas orelhas de urso.
Vivo ansioso por chegar a casa do primeiro dia de trabalho e tê-la lá com a F. e com o Joka num quadro perfeito. Anseio os primeiros passos e as primeiras palavras. A primeira bolsada numa camisa acabada de vestir.
Tenho vivido os últimos anos da minha vida a a lutar contra a ansiedade. Mas não desta vez, afinal a ansiedade não tem necessariamente que ser qualquer coisa de mau e negativo, Nem toda a ansiedade se traduz em nervos e mal-estar.
Ás vezes simplesmente andamos ansiosos por um bocadinho extra de felicidade...
Duas semanas iguais a todas as outras mas que no entanto me parecem dois meses. Ao mesmo tempo, o tempo que falta parece-me pouco para tudo que ainda falta fazer. O que é que falta fazer? Sei lá, acho que nada. Ainda assim não sei se vou ter tempo!
As aulas de preparação para o parto terminaram. Com elas terminaram os olhares de desdém que a F. levava de cada vez que alguém dizia em voz alta a palavra "cesariana". Acho que no fundo a F. representava para o resto das futuras mamãs uma espécie de Robocop da maternidade.
Não percebo o porquê da surpresa, por um motivo ou por outro, todas elas em alguma altura serão alvo da sobranceria do colectivo.
Uma porque é um pãozinho sem sal, até um supositório consegue ter mais sex-appeal.
A outra que para ser um sofá só lhe faltam duas almofadas (ás vezes quando vem de carteira juro que não é fácil distinguir).
E a outra? Sim essa, a Brasileira que fala pelos cotovelos e já ninguém a pode ouvir. Que já teve todas as doenças do mundo quando era piquéniná, né?
Falam mal umas das outras, medem-se de cima abaixo, avaliam-se e vão-se testando umas ás outras com sorrisinhos e comentários "construtivos" carregadinhos de segundas, terceiras e quartas intenções. Enfim, nada de novo no mundo das mulheres.
Já os maridões são mais directos e objectivos. Desde o dia em que me lançaram o olhar do "Estou-te a ver, juízinho que eu estou-te a ver!", mantiveram a coerência e saí de lá conforme entrei. Não fomos beber cervejas, não fizemos o "male bonding" nem partilhamos e-mails de baixo nível. Nada, nickles, népia, nichts, nestes; nerone!
A última aula desta semana foi assustadora. Primeiros-socorros.
Aquilo que tentamos convencer-nos a nós próprios que nunca iremos precisar, que só acontece aos outros e aos filhos dos outros que são tão otários que nem sabem engolir convenientemente.
Eu sei que as crianças não andam por aí a bater com a cabeças nas paredes ou a entalarem-se com pedaços de pão e caroços de azeitona, ou será que andam?
E se isso acontecer quem é que eu quero ser? Quero ser o tipo que teve vergonha de pegar no boneco e dar-lhe dois valentes murros nas costas para expelir o grão-de-bico que foi para o sitio errado, ou o que prestou atenção ás aulas de preparação, fez ressuscitação cardio-vascular num boneco que faz chichi e diz "gosto tanto de ti, abraça-me" e aprendeu as práticas que podem vir a salvar a vida de um filho?
Estas dúvidas fazem-nos pensar no significado de ter um filho. Os vários pontos de vista possíveis.
Ponto de vista romântico - É o resultado do amor entre mim e a F.
Ponto de vista cientifico - Não passa do resultado de uma caboiada e ponto final.
Ponto de vista teológico - O padre da freguesia jura a pés juntos que é uma dádiva de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ponto de vista Social - As finanças esfregam as mãos pois para eles é mais uma contribuinte.
Para mim? Não sei.... Sei que nunca senti tão pouco controle sobre mim próprio, sobre os meus próprios sentimentos e medos. De repente deixei de ter vontade de comprar coisas para mim, tudo me parece dinheiro mal gasto, já com coisas para a Rita são sempre um bom investimento.
Ansiedade? Chegou a novos níveis. Actualmente vivo ansioso, já se tornou uma forma de estar. Vivo ansioso que a Rita nasça, vivo ansioso por lhe dar o primeiro banho, por lhe pegar ao colo a primeira vez, vestir-lhe o primeiro fato que lhe compramos e que tem umas orelhas de urso.
Vivo ansioso por chegar a casa do primeiro dia de trabalho e tê-la lá com a F. e com o Joka num quadro perfeito. Anseio os primeiros passos e as primeiras palavras. A primeira bolsada numa camisa acabada de vestir.
Tenho vivido os últimos anos da minha vida a a lutar contra a ansiedade. Mas não desta vez, afinal a ansiedade não tem necessariamente que ser qualquer coisa de mau e negativo, Nem toda a ansiedade se traduz em nervos e mal-estar.
Ás vezes simplesmente andamos ansiosos por um bocadinho extra de felicidade...
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
36 semanas
São nove horas da noite, ou vinte e uma horas se preferirem... Tudo está calmo. Ou melhor... Tudo está assustadoramente calmo. Curiosamente esta semana quando esperava que a ansiedade e a tensão que tenho sentido batessem no tecto, simplesmente desapareceram sendo substituídos por um único sentimento que à semelhança dos anteriores, nada fica a dever à nobreza - A inveja! Estou roído de inveja. Rubro de inveja. Eu redefino o conceito de inveja!
Todos os que me antecederam nesta coisa da caminhada pré-parental sabem do que falo e estou certo que por mais que o neguem... Mentem descardamente, mas eu grito a plenos pulmões!
EU ESTOU CHEIO DE INVEJA DA F.!
Esta semana foi dia da consulta de termo. A consulta em que se definiu o percurso remanescente até ao nascimento da Rita. Assim, a primeira medida tomada pela médica foi mandar a F. de baixa. - "Não trabalha mais pois precisa de relaxar."
Pezinhos ao alto, muito descanso e Piñacoladas! Ahhrrrr que inveja! São seis meses de dolce fare niente, seis meses de inépcia total e escancarada. Seis meses de ócio, preguicite aguda, grave e esdrúxula!
Eu sei que não é digno e que não me fica bem, sei até que partilhar este tipo de sentimento acaba com todas as hipóteses de um dia vir a concorrer a Presidente da República Portuguesa por ser demasiado honesto e sincero, mas eu admito...
QUE INVEJA!!!!
Confissões e desabafos arrumados, prossigamos então agora mais aliviados!
Nesta mesma consulta ficamos a saber a data do nascimento da Ritucha.
Preparem-se minha gente pois ao vingésimo primeiro dia do nono mês do ano dois mil e onze D.C., Rita Catita estará cá fora. Acaba o Verão, começa a Ritinha!
Se a catraia não se resolve a dar a volta, então já não há volta a dar. Cesariana seja! A data já está marcada, a preparação psicológica está feita e dia vinte e um lá estamos para receber a pimpolha.
O facto de ser cesariana vem também acabar com uma outra questão que me assaltava o pensamento - O corte do cordão umbilical. Vamos lá ver, eu sei que não dói. Eu sei que não magoo a criança ou a F. a não ser que tenha muito má pontaria. Eu sei que, segundo se diz, é uma sensação única e um momento memorável.
Eu sei. Mas que posso fazer? Não consigo deixar de pensar que era um corte de responsabilidade. Um corte da mais alta costura obstetra da casa Parisiense e eu nunca fiz um corte umbilical na minha vida.
Se me têm avisado antes ainda comprava umas tripas no talho lá da rua e ia treinando em casa.
"Ó amigo, corte aqui por favor. É mais ou menos, não se preocupe!"
E pobre de mim com um bisturi na mão. Mais á direita está a criança. Mais á esquerda está a F. E se me foge o bisturi e corto uma veia à enfermeira? Ou um tubo de oxigénio? Ou mesmo a tomada do ventilador de um velhinho?
E já agora porque raio é o pai a cortar o cordão quando os médicos fizeram uns cinquenta corte antes? É um corte simbólico? Um corte com o passado, as jantaradas e as borracheiras, as noites bem dormidas e as visitas tardias. Idas ao cinema, teatro, bares e discotecas. Um corte com as antigas prioridades. Um corte com a vida tal e qual a conhecemos!
"There´s a new xerife in town". Daqui para a frente, só dá Ritinha!
Bem, mas a não ser que consiga entrar de penetra no bloco, alguém fará o corte por mim...
Esta semana, uma vez mais foi necessário "enfrentar o monstro patronal", foi preciso relembrar que em três semanas podem dizer adeus aqui ao rapaz. Durante quatro semanas não estou de serviço. Não estou para ninguém que não a F., a Ritinha e o Joka Eucádio! Durante quatro semanas, se precisarem de alguma coisa vão chatear Sua Santidade o Papa!!!
Todos os que me antecederam nesta coisa da caminhada pré-parental sabem do que falo e estou certo que por mais que o neguem... Mentem descardamente, mas eu grito a plenos pulmões!
EU ESTOU CHEIO DE INVEJA DA F.!
Esta semana foi dia da consulta de termo. A consulta em que se definiu o percurso remanescente até ao nascimento da Rita. Assim, a primeira medida tomada pela médica foi mandar a F. de baixa. - "Não trabalha mais pois precisa de relaxar."
Pezinhos ao alto, muito descanso e Piñacoladas! Ahhrrrr que inveja! São seis meses de dolce fare niente, seis meses de inépcia total e escancarada. Seis meses de ócio, preguicite aguda, grave e esdrúxula!
Eu sei que não é digno e que não me fica bem, sei até que partilhar este tipo de sentimento acaba com todas as hipóteses de um dia vir a concorrer a Presidente da República Portuguesa por ser demasiado honesto e sincero, mas eu admito...
QUE INVEJA!!!!
Confissões e desabafos arrumados, prossigamos então agora mais aliviados!
Nesta mesma consulta ficamos a saber a data do nascimento da Ritucha.
Preparem-se minha gente pois ao vingésimo primeiro dia do nono mês do ano dois mil e onze D.C., Rita Catita estará cá fora. Acaba o Verão, começa a Ritinha!
Se a catraia não se resolve a dar a volta, então já não há volta a dar. Cesariana seja! A data já está marcada, a preparação psicológica está feita e dia vinte e um lá estamos para receber a pimpolha.
O facto de ser cesariana vem também acabar com uma outra questão que me assaltava o pensamento - O corte do cordão umbilical. Vamos lá ver, eu sei que não dói. Eu sei que não magoo a criança ou a F. a não ser que tenha muito má pontaria. Eu sei que, segundo se diz, é uma sensação única e um momento memorável.
Eu sei. Mas que posso fazer? Não consigo deixar de pensar que era um corte de responsabilidade. Um corte da mais alta costura obstetra da casa Parisiense e eu nunca fiz um corte umbilical na minha vida.
Se me têm avisado antes ainda comprava umas tripas no talho lá da rua e ia treinando em casa.
"Ó amigo, corte aqui por favor. É mais ou menos, não se preocupe!"
E pobre de mim com um bisturi na mão. Mais á direita está a criança. Mais á esquerda está a F. E se me foge o bisturi e corto uma veia à enfermeira? Ou um tubo de oxigénio? Ou mesmo a tomada do ventilador de um velhinho?
E já agora porque raio é o pai a cortar o cordão quando os médicos fizeram uns cinquenta corte antes? É um corte simbólico? Um corte com o passado, as jantaradas e as borracheiras, as noites bem dormidas e as visitas tardias. Idas ao cinema, teatro, bares e discotecas. Um corte com as antigas prioridades. Um corte com a vida tal e qual a conhecemos!
"There´s a new xerife in town". Daqui para a frente, só dá Ritinha!
Bem, mas a não ser que consiga entrar de penetra no bloco, alguém fará o corte por mim...
Esta semana, uma vez mais foi necessário "enfrentar o monstro patronal", foi preciso relembrar que em três semanas podem dizer adeus aqui ao rapaz. Durante quatro semanas não estou de serviço. Não estou para ninguém que não a F., a Ritinha e o Joka Eucádio! Durante quatro semanas, se precisarem de alguma coisa vão chatear Sua Santidade o Papa!!!
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
35 semanas
Alto e pára o baile.
Rufem os tambores, lancem o foguetório e abram o champomy!
A Rita atendeu aos nossos pedidos. É verdade... Podem ficar descansados. A Rita já deu a volta...
Era assim tão difícil colaborar Sra Dona Rita?
Bem, vamos ficar à espera de uma confirmação oficial na próxima consulta, mas de acordo com as palavras da ginecologista, "Só se a rapariga fosse uma grande contorcionista é que ainda fazia o pino."
A princípio a F. ainda ficou um pouco apreensiva. Como a cesariana exige um dia extra de internamento e acarreta uma recuperação mais demorada, um parto "normal" estava na linha de frente das nossas preferências parturianas (palavra inventada por mim mas como este blog não tem livro de reclamações, amanhem-se!).
Mas depois de a médica explicar que um primeiro parto implica uma média de dezoito horas de parto; depois de fazer um "toque" à F. e dizer: - Tá a ver? O parto "normal" dói assim... Só que mais; depois de explicar o conforto e rapidez de um nascimento programado, fez na F. uma nova amiga para a vida. Fez na F. e fez em mim, confesso que não estava preparado para aturar a F. durante dezoito longas horas a insultar-me e a apertar-me os pulsos até ficar com as mãos roxas por falta de oxigenação.
Portanto Ritinha... Segura-te mulher... Tu não me desgraces!
Na eco desta semana descobrimos também que Sua Alteza, a Princesa Rita I já pesa 2,3kg e que é compridola como o pai.
Esta semana também comecei a estudar a papelada que tenho que tratar aquando do nascimento. Isto requer planeamento cuidado... Desde registar a pintelha (hospital e finanças), licenças de paternidade, inscrição da pimpolha no sistema nacional de saúde e no pediatra e a pedido da F. a inscrição urgente de sócia do FCP... Acho que vou precisar de uma assistente para me ajudar a gerir tudo isto (os gestores públicos fazem bem menos e também têm, portanto...).
Estamos cada vez mais perto do grande dia. Já passou mais uma semana e um dia destes a Ritinha está aí a bater à porta. Cada vez é mais difícil conter a ansiedade causada pelo tempo que ainda falta.
Bem, o melhor mesmo é relaxar e apreciar, afinal de contas "a felicidade está em percorrer o caminho e não na chegada" ou uma treta qualquer assim do género. Pouco importa o ditado, no fundo, no fundo só preciso de me convencer a mim próprio de que estas próximas semanas vão passar rapidamente e que não vou explodir entretanto...
Rufem os tambores, lancem o foguetório e abram o champomy!
A Rita atendeu aos nossos pedidos. É verdade... Podem ficar descansados. A Rita já deu a volta...
AO CONTRÁRIO!
Tão pequenina e já sai à mãe nestas andanças das direcções. Só faltava um bocadinho assim... Um bocadinho pequenininho (que palavra tão diminuta) como um danoninho. Se ela olhasse para o lado eu acho que já dava. Eu acho até que de tão perto que estava, ela se estava a segurar para não cair para a posição ideal... E não é que a teimosa rodou, rodou, rodou até ficar de novo sentada???Era assim tão difícil colaborar Sra Dona Rita?
Bem, vamos ficar à espera de uma confirmação oficial na próxima consulta, mas de acordo com as palavras da ginecologista, "Só se a rapariga fosse uma grande contorcionista é que ainda fazia o pino."
A princípio a F. ainda ficou um pouco apreensiva. Como a cesariana exige um dia extra de internamento e acarreta uma recuperação mais demorada, um parto "normal" estava na linha de frente das nossas preferências parturianas (palavra inventada por mim mas como este blog não tem livro de reclamações, amanhem-se!).
Mas depois de a médica explicar que um primeiro parto implica uma média de dezoito horas de parto; depois de fazer um "toque" à F. e dizer: - Tá a ver? O parto "normal" dói assim... Só que mais; depois de explicar o conforto e rapidez de um nascimento programado, fez na F. uma nova amiga para a vida. Fez na F. e fez em mim, confesso que não estava preparado para aturar a F. durante dezoito longas horas a insultar-me e a apertar-me os pulsos até ficar com as mãos roxas por falta de oxigenação.
Portanto Ritinha... Segura-te mulher... Tu não me desgraces!
Na eco desta semana descobrimos também que Sua Alteza, a Princesa Rita I já pesa 2,3kg e que é compridola como o pai.
Esta semana também comecei a estudar a papelada que tenho que tratar aquando do nascimento. Isto requer planeamento cuidado... Desde registar a pintelha (hospital e finanças), licenças de paternidade, inscrição da pimpolha no sistema nacional de saúde e no pediatra e a pedido da F. a inscrição urgente de sócia do FCP... Acho que vou precisar de uma assistente para me ajudar a gerir tudo isto (os gestores públicos fazem bem menos e também têm, portanto...).
Estamos cada vez mais perto do grande dia. Já passou mais uma semana e um dia destes a Ritinha está aí a bater à porta. Cada vez é mais difícil conter a ansiedade causada pelo tempo que ainda falta.
Bem, o melhor mesmo é relaxar e apreciar, afinal de contas "a felicidade está em percorrer o caminho e não na chegada" ou uma treta qualquer assim do género. Pouco importa o ditado, no fundo, no fundo só preciso de me convencer a mim próprio de que estas próximas semanas vão passar rapidamente e que não vou explodir entretanto...
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