Penúltima semana antes da maior mudança de que tenho memória. A verdade seja dita que não é lá grande referência, uma vez que a minha memória tem uma duração média de 3 segundos chegando no entanto a alcançar os 5 quando sóbrio, relaxado e por tempo claro. Mas estou certo que é uma das maiores senão a maior mudança de sempre. A partir da próxima semana deixamos a vida tal e qual a conhecemos (adoro esta expressão), deixamos de ser dois para ser três. Ou melhor, deixamos de ser três para ser quatro. Já não somos dois desde há seis anos quando o caramelo do Joka Eucádio se cansou dos ares Lisboetas e se mudou da Costa da Caparica para a Maia (sim, o Joka é um betinho).
Esta semana tem sido relativamente calma o que me deixou algum espaço para pensar no futuro próximo. Tenho tentado fazer um exercício mental que consiste em imaginar como será a vida daqui a uma semana comparativamente com a que temos hoje.
É estranho, mas não consigo. As rotinas e os hobbies, os hábitos que criamos durante anos e anos, simplesmente não são compatíveis um recém nascido sem que haja lugar a grandes alterações nas rotinas. Como diria um famoso jogador de futebol da nossa praça, "Sem que a vida dê uma volta de 360º".
Isto quer dizer mais exactamente o quê?
Amanheceres tardios? Já fostes!
Saídas para jantar e cinema? Já fostes!
Noites sossegadas de sono? Não tinha muitas mas agora... Já fostes!
O copo ocasional no Batô, os almoços ás quatro da tarde e os raids de BTT? Sei lá... Espero sinceramente que "Não fostes!"
Bom, mas por agora avizinham-se quatro semanas de "semi-ócio". Uma pequena pausa do stress do quotidiano laboral absurdo que ao longo dos anos deixei que me fosse absorvendo. Um mês de completa e absoluta concentração na Ritinha, na F. e no Joka. Que mais posso pedir?
E se tiver que perder noites de sono? Pela primeira vez na vida são por um bom motivo...
Apesar do relaxamento que o afastamento do trabalho proporcionou à F. noto que o aproximar do grande momento tem provocado nela um nervoso miudinho. Anda mesquinha o raio da rapariga.
"Fecha o frigorífico", "Olha o pano que está torto!", "Pega num prato que o chão está limpo".
Esta semana cismou que eu havia de atravessar a casa de lés a lés ás escuras e encontrar o comando do DVD sem acender a luz porque esta teve um aumento no IVA (eram 22h00 em Portugal continental).
Não sei se é pela cesariana em si. Não sei se é por ter que ir uns dias para o hospital. Não sei se é por ter que deixar o Joka ao meu cuidado tendo que confiar em mim a responsabilidade de o alimentar e levar a passear a horas (o que nos remete de novo para o meu problema de memória). Não sei se é simplesmente a ansiedade provocada pelo tempo que resta.
Não sei se é por isto, se é por aquilo, se é por tudo ou se é por nada. Porque sim ou porque não. Não sei. Não sei até se ela já se apercebeu, mas se não se apercebeu não vale a pena dizer nada, pois em abono da verdade já só faltam mais uns dias.
E porque falamos em hospitais, levanta-se a seguinte questão:
Hoje em dia já ninguém tem filhos em hospitais públicos?
Cada vez que alguém me pergunta onde a Rita vai nascer sinto que esperam da minha parte uma escolha de um hospital todo XPTO, privadíssimo, com porteiro e recepcionista e tudo e tudo e tudo. Um hospital com nome de um santo ou então de uma cidade mais a Norte. Mas não, lamento informar mas por razões inexplicáveis, ainda acredito que os hospitais públicos têm médicos competentes o suficiente para realizar um parto e deixar que lhes confie a saúde da F. e da minha filha.
Para terminar, uma pequena nota relativamente a algo que se passou por estes dias e que me deixou um pouco apreensivo e até assustado.
Lembram-se da pequena Rita que durante oito meses não se mexia? Pronto. Durante este último mês tem mexido como uma louca,. Não sei se anda a fazer "private parties" na barriga da F., se anda a fazer alongamentos para esticar os músculos ou se anda a ter lições de paso doble. Sei que quando eu vou a correr para pôr a mão, como sempre pára todo e qualquer movimento. Porém esta semana durante um jogo do FCP, não só rebolava como uma louca, como nem a minha mão sobre a barriga da F. fez com que parasse.
Bom, o FCP ganhou e a Rita ainda continuou com os festejos durante mais vinte minutos.
Uma portista cá em casa bem ou mal ainda se aguenta... Mas duas? Lord have mercy on us!!!
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