quarta-feira, 7 de setembro de 2011

36 semanas

São nove horas da noite, ou vinte e uma horas se preferirem... Tudo está calmo. Ou melhor... Tudo está assustadoramente calmo. Curiosamente esta semana quando esperava que a ansiedade e a tensão que tenho sentido batessem no tecto, simplesmente desapareceram sendo substituídos por um único sentimento que à semelhança dos anteriores, nada fica a dever à nobreza - A inveja! Estou roído de inveja. Rubro de inveja. Eu redefino o conceito de inveja!
Todos os que me antecederam nesta coisa da caminhada pré-parental sabem do que falo e estou certo que por mais que o neguem... Mentem descardamente, mas eu grito a plenos pulmões!
EU ESTOU CHEIO DE INVEJA DA F.!
Esta semana foi dia da consulta de termo. A consulta em que se definiu o percurso remanescente até ao nascimento da Rita. Assim, a primeira medida tomada pela médica foi mandar a F. de baixa. - "Não trabalha mais pois precisa de relaxar."
Pezinhos ao alto, muito descanso e Piñacoladas! Ahhrrrr que inveja! São seis meses de dolce fare niente, seis meses de inépcia total e escancarada. Seis meses de ócio, preguicite aguda, grave e esdrúxula!
Eu sei que não é digno e que não me fica bem, sei até que partilhar este tipo de sentimento acaba com todas as hipóteses de um dia vir a concorrer a Presidente da República Portuguesa por ser demasiado honesto e sincero, mas eu admito...

QUE INVEJA!!!!

Confissões e desabafos arrumados, prossigamos então agora mais aliviados!
Nesta mesma consulta ficamos a saber a data do nascimento da Ritucha.
Preparem-se minha gente pois ao vingésimo primeiro dia do nono mês do ano dois mil e onze D.C., Rita Catita estará cá fora. Acaba o Verão, começa a Ritinha!
Se a catraia não se resolve a dar a volta, então já não há volta a dar. Cesariana seja! A data já está marcada, a preparação psicológica está feita e dia vinte e um lá estamos para receber a pimpolha.

O facto de ser cesariana vem também acabar com uma outra questão que me assaltava o pensamento - O corte do cordão umbilical. Vamos lá ver, eu sei que não dói. Eu sei que não magoo a criança ou a F. a não ser que tenha muito má pontaria. Eu sei que, segundo se diz, é uma sensação única e um momento memorável.
Eu sei. Mas que posso fazer? Não consigo deixar de pensar que era um corte de responsabilidade. Um corte da mais alta costura obstetra da casa Parisiense e eu nunca fiz um corte umbilical na minha vida.
Se me têm avisado antes ainda comprava umas tripas no talho lá da rua e ia treinando em casa.
"Ó amigo, corte aqui por favor. É mais ou menos, não se preocupe!"
E pobre de mim com um bisturi na mão. Mais á direita está a criança. Mais á esquerda está a F. E se me foge o bisturi e corto uma veia à enfermeira? Ou um tubo de oxigénio? Ou mesmo a tomada do ventilador de um velhinho?
 E já agora porque raio é o pai a cortar o cordão quando os médicos fizeram uns cinquenta corte antes? É um corte simbólico? Um corte com o passado, as jantaradas e as borracheiras, as noites bem dormidas e as visitas tardias. Idas ao cinema, teatro, bares e discotecas. Um corte com as antigas prioridades. Um corte com a vida tal e qual a conhecemos!
"There´s a new xerife in town". Daqui para a frente, só dá Ritinha!
Bem, mas a não ser que consiga entrar de penetra no bloco, alguém fará o corte por mim...

Esta semana, uma vez mais foi necessário "enfrentar o monstro patronal", foi preciso relembrar que em três semanas podem dizer adeus aqui ao rapaz. Durante quatro semanas não estou de serviço. Não estou para ninguém que não a F., a Ritinha e o Joka Eucádio! Durante quatro semanas, se precisarem de alguma coisa vão chatear Sua Santidade o Papa!!!

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