terça-feira, 22 de novembro de 2011

39 semanas

Dois meses depois do nascimento da Rita cá estamos finalmente para relatar a última semana.
É uma vergonha, eu sei mas foi o melhor que se pôde arranjar e se todos colaborarmos fechando os olhos e imaginando que estamos em finais de Setembro é quase a mesma coisa.
(talvez seja melhor passar á frente a parte de fechar os olhos ou não vão conseguir ler o resto)

Eis que chegamos à trigésima nona semana, a semana que põe um ponto final neste primeiro capítulo da vida da nossa pikena maguerefe. De agora em diante tudo se passa tête à tête, o que de bom e tudo de mau e de mau acontecer é de agora em diante olhos nos olhos.

O início da semana foi bastante tranquilo, passado a tratar dos preparativos finais para o nascimento, a confirmar e re-confirmar que tudo está a postos para receber Sua Alteza, Rita Catita I (e única). Malas prontas, número de telefone do take-away à mão, máquina fotográfica carregada e victan na carteira (na bosinha secreta que outrora serviu de alegre albergue a contraceptivos de todas cores e sabores).

Segunda-feira foi dia de sessão dupla incluíndo no programa um jantar e cinema. Uma espécie de despedida desta dualidade que brevemente desaparecerá para nunca mais ser vista. Sob a bênção de Woody Allen nos lançamos assim do balcão da vida sossegada para aterrar na terça-feira, dia programado para o internamento da F.

À semelhança de segunda-feira, terça-feira avizinhava-se calmo... Avizinhava-se.
Aproveitamos o dia para para ficar na cama a contar carneiros até mais tarde uma vez que a entrada no hospital estava marcada apenas para as 17h30. Decidimos fazer um passeio mais prolongado com o Joka pois era o último que a F. faria com ele nos próximos dias. Teria sido uma boa ideia não estivessem a ligar do hospital passavam pouco mais de dez minutos que tínhamos saído de casa. O internamento tinha sido ligeiramente antecipado para... Imediatamente!
Acabamos o passeio e voltamos a casa para apanhar as malas da F. e dirigirmo-nos ao hospital.
Escusado será dizer que as despedidas foram chorosas... Era a primeira vez em seis anos a F. e o Joka se iam separar e já esperava que este não fosse propriamente o momento mais fácil.
Nos dias seguintes de cada vez que entravamos em casa, o Joka ficava eufórico e corria a casa toda a dar ao rabo em busca da F. até perceber que eramos os únicos, os Reis e Senhores de um castelo completamente vazio e solitário.

Quarta-feira foi um tal de corre-corre, quer físico, quer psicológico. Após passear e alimentar o Joka e dar um jeito rápido no "castelo", há que correr para o hospital para estar com a F. e não deixar que suporte a pressão do dia sozinha.
Estivemos juntos até às quatro da tarde, hora que a vieram buscar para preparar para o parto. Acompanhei-a  ao bloco até receber um sinal vermelho - "Pai, daqui não passa!"
Pela primeira vez em toda a gravidez senti-me completamente inútil e daqui para a frente a F. estava por conta-própria. Foi um sentimento muito estranho. Toda a gravidez foi uma caminhada a dois, era um "projecto" conjunto e à excepção do que por natureza pertence unicamente à mãe, sempre tentei que a F. não se sentisse desamparada.

As horas foram-se sucedendo, as portas contíguas à do bloco operatório abriam-se e fechavam-se  com médicos, enfermeiros e auxiliares constantemente a cirandar de um lado para o outro. Por momentos tive a sensação que estavam a fazer apostas para ver qual deles seria capaz de me provocar um ataque cardíaco.
Vinha um e abria uma porta... Calma, vou trocar de roupa.
Vinha outro e abria outra porta... Mas era só para entregar uns papéis.
E mais outros dois... Numa agradável e aparentemente divertida cavaqueira.
E mais outro e outro e outro... Durante duas longas horas.
Alto, vem aí outro... Djarannnn, ainda não é desta!

Por fim lá se abriram as portas do bloco de onde saiu uma enfermeira com uma caixota transparente com qualquer coisa lá dentro que ao longe me parecia um Wrap do McDonalds mas um pouco maior. Será que aquele embrulho tinha escrito por fora: "Rita Catita. Manter em local seco e arejado"?
Com o coração aos saltos e as pernas a bater castanholas, dirigi-me à enfermeira tentando disfarçar o nervosismo o melhor que sabia. Não corri para não dar parte de fresquinho, nem me limitei  a andar para não parecer desinteressado. O melhor que me lembrei na altura foi assim uma espécie de marcha olímpica, que mais tarde vim a perceber que fora do seu contexto desportivo é despropositado e de difícil explicação... Ainda tentei explicar perante a grande indiferença da enfermeira que apesar do meu esforço em clarificar os factos simplesmente dizia - "Ahan, ahan...Ahan...
Mas ainda não era a Rita, era um Rodrigo, um Rodrigo Não Sei Das Quantas. "Mas não se preocupe pai que o seu é o próximo!"
O seu é o próximo? O seu é o próximo? Como é que eu posso confiar nesta personagem se nem sabe que não é um próximo mas sim uma próxima?
Finalmente, meia-hora depois lá apareceu de novo a enfermeira desta feita com uma encomenda em meu nome. A Ritinha acabara de nascer e estava ali á minha frente deitando por terra toda e qualquer preparação que pudesse ter feito para aquele momento. A pirralhinha que sempre se recusou a mexer para que eu a pudesse sentir excepto em dia de jogo do Porto havia chegado com as malas feitas e bilhete só de um sentido. Pequenina, muito enrolada, só se via mesmo a pontinha do nariz. Era a pontinha de nariz mais perfeita que alguma vez tinha visto.
Subimos ao quarto e aí pude ver o resto cara. Era tão gira quanto a imaginava com a cara rechonchuda, olhos azuis e o nariz empinado. Há quem diga que se parece comigo, acho que é da praxe. A verdade é que os bebés não se parecem com ninguém. Bem, as mãos são iguais ás minhas, são grandes. E sempre fechadas mas aí já sai à F.
De feitio torcido e moderadamente chorona a Rita chegou cansada mas de perfeita saúde, com cinco dedos em cada mão e voz de rouxinol!

A F. também está bem, segundo ela até fez uma nova amiga no hospital que a visita com regularidade... A morfina. Assisti a uma dessas visitas. Imaginem um cão a correr e a saltitar quando vê o dono aproximar-se com o prato da comida. Pronto, era mais ou menos assim quando a F. via a enfermeira  com a morfina. Parecia que tinha bichinhos carpinteiros, os olhos sorriam emanando tal luminosidade que iluminava todo o quarto e corredores da enfermaria.
No terceiro dia quando cheguei ao Hospital por volta do meio dia já estavam as duas vestidas, de malas feitas e prontas para ir para casa. Daí para cá tem sido um rol de experiências novas mas que não pertencem a este blog. A pergunta que se impõe agora que a pimpolha já cá está é - "E agora que a Rita nasceu?"

Mas isso já é outra história...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

38 semanas

Penúltima semana antes da maior mudança de que tenho memória. A verdade seja dita que não é lá grande referência, uma vez que a minha memória tem uma duração média de 3 segundos chegando no entanto a alcançar os 5 quando sóbrio, relaxado e por tempo claro. Mas estou certo que é uma das maiores senão a maior mudança de sempre. A partir da próxima semana deixamos a vida tal e qual a conhecemos (adoro esta expressão), deixamos de ser dois para ser três. Ou melhor, deixamos de ser três para ser quatro. Já não somos dois desde há seis anos quando o caramelo do Joka Eucádio se cansou dos ares Lisboetas e se mudou da Costa da Caparica para a Maia (sim, o Joka é um betinho).

Esta semana tem sido relativamente calma o que me deixou algum espaço para pensar no futuro próximo. Tenho tentado fazer um exercício mental que consiste em imaginar como será a vida daqui a uma semana comparativamente com a que temos hoje.
É estranho, mas não consigo. As rotinas e os hobbies, os hábitos que criamos durante anos e anos, simplesmente não são compatíveis um recém nascido sem que haja lugar a grandes alterações nas rotinas. Como diria um famoso jogador de futebol da nossa praça, "Sem que a vida dê uma volta de 360º".
Isto quer dizer mais exactamente o quê?
Amanheceres tardios? Já fostes!
Saídas para jantar e cinema? Já fostes!
Noites sossegadas de sono? Não tinha muitas mas agora... Já fostes!
O copo ocasional no Batô, os almoços ás quatro da tarde e os raids de BTT? Sei lá... Espero sinceramente que "Não fostes!"

Bom, mas por agora avizinham-se quatro semanas de "semi-ócio". Uma pequena pausa do stress do quotidiano laboral absurdo que ao longo dos anos deixei que me fosse absorvendo. Um mês de completa e absoluta concentração na Ritinha, na F. e no Joka. Que mais posso pedir?
E se tiver que perder noites de sono? Pela primeira vez na vida são por um bom motivo...

Apesar do relaxamento que o afastamento do trabalho proporcionou à F. noto que o aproximar do grande momento tem provocado nela um nervoso miudinho. Anda mesquinha o raio da rapariga.
"Fecha o frigorífico", "Olha o pano que está torto!", "Pega num prato que o chão está limpo".
Esta semana cismou que eu havia de atravessar a casa de lés a lés ás escuras e encontrar o comando do DVD sem acender a luz porque esta teve um aumento no IVA (eram 22h00 em Portugal continental).
Não sei se é pela cesariana em si. Não sei se é por ter que ir uns dias para o hospital. Não sei se é por ter que deixar o Joka ao meu cuidado tendo que confiar em mim a responsabilidade de o alimentar e levar a passear a horas (o que nos remete de novo para o meu problema de memória). Não sei se é simplesmente a ansiedade provocada pelo tempo que resta.
Não sei se é por isto, se é por aquilo, se é por tudo ou se é por nada. Porque sim ou porque não. Não sei. Não sei até se ela já se apercebeu, mas se não se apercebeu não vale a pena dizer nada, pois em abono da verdade já só faltam mais uns dias.

E porque falamos em hospitais, levanta-se a seguinte questão:
Hoje em dia já ninguém tem filhos em hospitais públicos?
Cada vez que alguém me pergunta onde a Rita vai nascer sinto que esperam da minha parte uma escolha de um hospital todo XPTO, privadíssimo, com porteiro e recepcionista e tudo e tudo e tudo. Um hospital com nome de um santo ou então de uma cidade mais a Norte. Mas não, lamento informar mas por razões inexplicáveis, ainda acredito que os hospitais públicos têm médicos competentes o suficiente para realizar um parto e deixar que lhes confie a saúde da F. e da minha filha.

Para terminar, uma pequena nota relativamente a algo que se passou por estes dias e que me deixou um pouco apreensivo e até assustado.
Lembram-se da pequena Rita que durante oito meses não se mexia? Pronto. Durante este último mês tem mexido como uma louca,. Não sei se anda a fazer "private parties" na barriga da F., se anda a fazer alongamentos para esticar os músculos ou se anda a ter lições de paso doble. Sei que quando eu vou a correr para pôr a mão, como sempre pára todo e qualquer movimento. Porém esta semana durante um jogo do FCP, não só rebolava como uma louca, como nem a minha mão sobre a barriga da F. fez com que parasse.
Bom, o FCP ganhou e a Rita ainda continuou com os festejos durante mais vinte minutos.

Uma portista cá em casa bem ou mal ainda se aguenta... Mas duas? Lord have mercy on us!!!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

37 semanas

Estamos a chegar ao fim desta jornada, já deixamos para trás trinta e sete semanas e faltam apenas duas para completar a pré-história da Rita.
Duas semanas iguais a todas as outras mas que no entanto me parecem dois meses. Ao mesmo tempo, o tempo que falta parece-me pouco para tudo que ainda falta fazer. O que é que falta fazer? Sei lá, acho que nada. Ainda assim não sei se vou ter tempo!

As aulas de preparação para o parto terminaram. Com elas terminaram os olhares de desdém que a F. levava de cada vez que alguém dizia em voz alta a palavra "cesariana". Acho que no fundo a F. representava para o resto das futuras mamãs uma espécie de Robocop da maternidade.
Não percebo o porquê da surpresa, por um motivo ou por outro, todas elas em alguma altura serão alvo da sobranceria do colectivo.
Uma porque é um pãozinho sem sal, até um supositório consegue ter mais sex-appeal.
A outra que para ser um sofá só lhe faltam duas almofadas (ás vezes quando vem de carteira juro que não é fácil distinguir).
E a outra? Sim essa, a Brasileira que fala pelos cotovelos e já ninguém a pode ouvir. Que já teve todas as doenças do mundo quando era piquéniná, né?
Falam mal umas das outras, medem-se de cima abaixo, avaliam-se e vão-se testando umas ás outras com sorrisinhos e comentários "construtivos" carregadinhos de segundas, terceiras e quartas intenções. Enfim, nada de novo no mundo das mulheres.
Já os maridões são mais directos e objectivos. Desde o dia em que me lançaram o olhar do "Estou-te a ver, juízinho que eu estou-te a ver!", mantiveram a coerência e saí de lá conforme entrei. Não fomos beber cervejas, não fizemos o "male bonding" nem partilhamos e-mails de baixo nível. Nada, nickles, népia, nichts,  nestes; nerone!

A última aula desta semana foi assustadora. Primeiros-socorros.
Aquilo que tentamos convencer-nos a nós próprios que nunca iremos precisar, que só acontece aos outros e aos filhos dos outros que são tão otários que nem sabem engolir convenientemente.
Eu sei que as crianças não andam por aí a bater com a cabeças nas paredes ou a entalarem-se com pedaços de pão e caroços de azeitona, ou será que andam?
E se isso acontecer quem é que eu quero ser? Quero ser o tipo que teve vergonha de pegar no boneco e dar-lhe dois valentes murros nas costas para expelir o grão-de-bico que foi para o sitio errado, ou o que prestou atenção ás aulas de preparação, fez ressuscitação cardio-vascular num boneco que faz chichi e diz "gosto tanto de ti, abraça-me" e aprendeu as práticas que podem vir a salvar a vida de um filho?

Estas dúvidas fazem-nos pensar no significado de ter um filho. Os vários pontos de vista possíveis.
Ponto de vista romântico - É o resultado do amor entre mim e a F.
Ponto de vista cientifico - Não passa do resultado de uma caboiada e ponto final.
Ponto de vista teológico - O padre da freguesia jura a pés juntos que é uma dádiva de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ponto de vista Social - As finanças esfregam as mãos pois para eles é mais uma contribuinte.
Para mim? Não sei.... Sei que nunca senti tão pouco controle sobre mim próprio, sobre os meus próprios sentimentos e medos. De repente deixei de ter vontade de comprar coisas para mim, tudo me parece dinheiro mal gasto, já com coisas para a Rita são sempre um bom investimento.
Ansiedade? Chegou a novos níveis. Actualmente vivo ansioso, já se tornou uma forma de estar. Vivo ansioso que a Rita nasça, vivo ansioso por lhe dar o primeiro banho, por lhe pegar ao colo a primeira vez, vestir-lhe o primeiro fato que lhe compramos e que tem umas orelhas de urso.
Vivo ansioso por chegar a casa do primeiro dia de trabalho e tê-la lá com a F. e com o Joka num quadro perfeito. Anseio os primeiros passos e as primeiras palavras. A primeira bolsada numa camisa acabada de vestir.
Tenho vivido os últimos anos da minha vida a a lutar contra a ansiedade. Mas não desta vez, afinal a ansiedade não tem necessariamente que ser qualquer coisa de mau e negativo, Nem toda a ansiedade se traduz em nervos e mal-estar.
Ás vezes simplesmente andamos ansiosos por um bocadinho extra de felicidade...

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

36 semanas

São nove horas da noite, ou vinte e uma horas se preferirem... Tudo está calmo. Ou melhor... Tudo está assustadoramente calmo. Curiosamente esta semana quando esperava que a ansiedade e a tensão que tenho sentido batessem no tecto, simplesmente desapareceram sendo substituídos por um único sentimento que à semelhança dos anteriores, nada fica a dever à nobreza - A inveja! Estou roído de inveja. Rubro de inveja. Eu redefino o conceito de inveja!
Todos os que me antecederam nesta coisa da caminhada pré-parental sabem do que falo e estou certo que por mais que o neguem... Mentem descardamente, mas eu grito a plenos pulmões!
EU ESTOU CHEIO DE INVEJA DA F.!
Esta semana foi dia da consulta de termo. A consulta em que se definiu o percurso remanescente até ao nascimento da Rita. Assim, a primeira medida tomada pela médica foi mandar a F. de baixa. - "Não trabalha mais pois precisa de relaxar."
Pezinhos ao alto, muito descanso e Piñacoladas! Ahhrrrr que inveja! São seis meses de dolce fare niente, seis meses de inépcia total e escancarada. Seis meses de ócio, preguicite aguda, grave e esdrúxula!
Eu sei que não é digno e que não me fica bem, sei até que partilhar este tipo de sentimento acaba com todas as hipóteses de um dia vir a concorrer a Presidente da República Portuguesa por ser demasiado honesto e sincero, mas eu admito...

QUE INVEJA!!!!

Confissões e desabafos arrumados, prossigamos então agora mais aliviados!
Nesta mesma consulta ficamos a saber a data do nascimento da Ritucha.
Preparem-se minha gente pois ao vingésimo primeiro dia do nono mês do ano dois mil e onze D.C., Rita Catita estará cá fora. Acaba o Verão, começa a Ritinha!
Se a catraia não se resolve a dar a volta, então já não há volta a dar. Cesariana seja! A data já está marcada, a preparação psicológica está feita e dia vinte e um lá estamos para receber a pimpolha.

O facto de ser cesariana vem também acabar com uma outra questão que me assaltava o pensamento - O corte do cordão umbilical. Vamos lá ver, eu sei que não dói. Eu sei que não magoo a criança ou a F. a não ser que tenha muito má pontaria. Eu sei que, segundo se diz, é uma sensação única e um momento memorável.
Eu sei. Mas que posso fazer? Não consigo deixar de pensar que era um corte de responsabilidade. Um corte da mais alta costura obstetra da casa Parisiense e eu nunca fiz um corte umbilical na minha vida.
Se me têm avisado antes ainda comprava umas tripas no talho lá da rua e ia treinando em casa.
"Ó amigo, corte aqui por favor. É mais ou menos, não se preocupe!"
E pobre de mim com um bisturi na mão. Mais á direita está a criança. Mais á esquerda está a F. E se me foge o bisturi e corto uma veia à enfermeira? Ou um tubo de oxigénio? Ou mesmo a tomada do ventilador de um velhinho?
 E já agora porque raio é o pai a cortar o cordão quando os médicos fizeram uns cinquenta corte antes? É um corte simbólico? Um corte com o passado, as jantaradas e as borracheiras, as noites bem dormidas e as visitas tardias. Idas ao cinema, teatro, bares e discotecas. Um corte com as antigas prioridades. Um corte com a vida tal e qual a conhecemos!
"There´s a new xerife in town". Daqui para a frente, só dá Ritinha!
Bem, mas a não ser que consiga entrar de penetra no bloco, alguém fará o corte por mim...

Esta semana, uma vez mais foi necessário "enfrentar o monstro patronal", foi preciso relembrar que em três semanas podem dizer adeus aqui ao rapaz. Durante quatro semanas não estou de serviço. Não estou para ninguém que não a F., a Ritinha e o Joka Eucádio! Durante quatro semanas, se precisarem de alguma coisa vão chatear Sua Santidade o Papa!!!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

35 semanas

Alto e pára o baile.
Rufem os tambores, lancem o foguetório e abram o champomy!
A Rita atendeu aos nossos pedidos. É verdade... Podem ficar descansados. A Rita já deu a volta...

AO CONTRÁRIO!

Tão pequenina e já sai à mãe nestas andanças das direcções. Só faltava um bocadinho assim... Um bocadinho pequenininho (que palavra tão diminuta) como um danoninho. Se ela olhasse para o lado eu acho que já dava. Eu acho até que de tão perto que estava, ela se estava a segurar para não cair para a posição ideal... E não é que a teimosa rodou, rodou, rodou até ficar de novo sentada???
Era assim tão difícil colaborar Sra Dona Rita?
Bem, vamos ficar à espera de uma confirmação oficial na próxima consulta, mas de acordo com as palavras da ginecologista, "Só se a rapariga fosse uma grande contorcionista é que ainda fazia o pino."
A princípio a F. ainda ficou um pouco apreensiva. Como a cesariana exige um dia extra de internamento e acarreta uma recuperação mais demorada, um parto "normal" estava na linha de frente das nossas preferências parturianas (palavra inventada por mim mas como este blog não tem livro de reclamações, amanhem-se!).
Mas depois de a médica explicar que um primeiro parto implica uma média de dezoito horas de parto; depois de fazer um "toque" à F. e dizer: - Tá a ver? O parto "normal" dói assim... Só que mais; depois de explicar o conforto e rapidez de um nascimento programado, fez na F. uma nova amiga para a vida. Fez na F. e fez em mim, confesso que não estava preparado para aturar a F. durante dezoito longas horas a insultar-me e a apertar-me os pulsos até ficar com as mãos roxas por falta de oxigenação.
Portanto Ritinha... Segura-te mulher... Tu não me desgraces!

Na eco desta semana descobrimos também que Sua Alteza, a Princesa Rita I já pesa 2,3kg e que é compridola como o pai.

Esta semana também comecei a estudar a papelada que tenho que tratar aquando do nascimento. Isto requer planeamento cuidado... Desde registar a pintelha (hospital e finanças), licenças de paternidade, inscrição da pimpolha no sistema nacional de saúde e no pediatra e a pedido da F. a inscrição urgente de sócia do FCP... Acho que vou precisar de uma assistente para me ajudar a gerir tudo isto (os gestores públicos fazem bem menos e também têm, portanto...).

Estamos cada vez mais perto do grande dia. Já passou mais uma semana e um dia destes a Ritinha está aí a bater à porta. Cada vez é mais difícil conter a ansiedade causada pelo tempo que ainda falta.
Bem, o melhor mesmo é relaxar e apreciar, afinal de contas "a felicidade está em percorrer o caminho e não na chegada" ou uma treta qualquer assim do género. Pouco importa o ditado, no fundo, no fundo só preciso de me convencer a mim próprio de que estas próximas semanas vão passar rapidamente e que não vou explodir entretanto...




segunda-feira, 29 de agosto de 2011

34 Semanas

Trinta e quatro semanas passaram e voltas nem vê-las. Aparentemente a Rita não dá voltas a pedido. Não há meio se pôr a jeito para um grand finale à La Féria. É verdade que ainda há algum tempo e que até ao lavar dos cestos ainda é vindima, e também é verdade que se não der a volta vindima-se pela barriga mas a gente queria saber, prontos...

Nesta recta final tudo começa a ficar mais difícil. A F. tem cada vez mais dificuldade em movimentar-se tendo como efeito colateral imediato as tarefas mais penosas das limpezas da casa passarem a ter que ser feitas por mim, o que por si só já faz com que comecemos mal esta conversa.
Os nervos flutuam como gás lacrimogéneo. Andam á flor da pele, os dela e os meus, a ansiedade de já faltar menos de um mês anda a dar comigo em doido. Só de pensar que dentro de quatro semanas já temos a pimpolha a espernear do lado de fora até me faz urticaria.
Por causa do stress e da ansiedade, a já baixa tolerância com que andava para com as situações de confronto social tem vindo a baixar ainda mais. Se não for desta que me pegue com alguém no trânsito, não me pego mais na vida.
Com o aproximar do grande dia, convenientemente o trabalho parece ter aumentado descontroladamente. Todos os problemas apareceram para resolver, há colegas de férias, os que não estão mais valia que estivessem, eu sei lá!
As decisões de última hora em relação ao nascimento da Rita que andei a adiar também ja avisaram que precisam de ser resolvidas.
Ok, agora sim sinto-me preparado, venha de lá esse ataque cardíaco!

Esta semana fomos visitar as instalações do hospital onde terá lugar o nascimento da nossa pulguita.
A idéia é que quando chegar o tal dia tudo nos seja mais familiar, que já conheçamos o espaço para que nos mexamos melhor e tudo pareça menos assustador.
Não funcionou! São salas e salas e mais salas. E armários e mais armários e convenções que tenho a certeza quando chegar o dia não me vou lembrar.
É a sala de parto, a ante-sala da sala de parto. O corredor que antecede a ante-sala de parto e que liga esta à sala de parto em si. São os armários para guardar os coisas que quando nascer a Rita tenho que ir buscar. E que têm que estar ao de cima, que depois são para vestir, e que há que registar, mas que já é num outro andar e tenho que levar os bilhetes de identidade. Mas se não for parto normal já não é ali. Pego nos sacos e corro para a obstetrícia. Que é em outro andar que não o do bloco operatório, que é onde a Rita vai nascer, e onde tenho que estar quando a enfermeira gritar "Quem é o pai desta menina???".
E os armários? Pequeniiiiiiiiinos... P´ra caber muitos! Mas cabe. Estive a medir e cabe. Suei. Já há uns anos que não suava só com o esforço mental, confesso... Pensei e repensei e ponderei e reponderei se é que isso existe... Tinha que caber, estes armários foram feitos para isto. Ao cabo de uma hora fiquei muito feliz ao constatar que cabia. Quase, quase não que cabia mas tirei o saco com as coisas da F. e o saco da máquina fotográfica já coube na perfeição! Ufffffff...


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

33 Semanas

Trinta e três semanas volvidas e aparentemente ainda assim não chegaram para a Rita Catita dar a cambalhota e se preparar para o grande salto. Continua de lado e o espaço sempre a diminuir tornando cada vez mais difícil fazer o pino. A continuar assim estamos a olhar para uma cesariana.
Se realmente a Ritinha continuar irredutível, ao menos que mantenha essa filosofia até à adolescência e quando os maguerefes vierem rondar a porta à procura de umas "cambalhotas" que os mande "cambalhotar" com a tia deles.

Esta semana nas aulas de preparação para o parto, o tema central foi o temperamento das crianças.
Quando eu era ainda um petiz havia putos mongas e putos traquinas, havia os morcões e os reguilas, os assim assim e uma classe muito à parte, os pidés. Hoje em dia, com o avanço da tecnologia e dos estudos científicos reduziram-se todos estes géneros a três: As crianças de temperamento fácil, as de temperamento difícil e as de temperamento misto.
De acordo com os mesmos estudos, as crianças de temperamento difícil devem ser "conduzidas" em vez do tradicional "contrariar". Vou dar um exemplo:
- A criança A é difícil e cisma que quer brincar com a faca de cozinha. A mãe deve pegar num brinquedo e convencer a criança que este é bem mais interessante de modo a que esqueça a faca.
Custa-me a entender aqui uma coisa. Porque é que a criancinha não pode ouvir um não? Vai ficar traumatizado? Vai crescer sob a premissa que deve abrir mão de algo apenas se encontrar algo melhor?
Parece que já o estou a ver na adolescência. Como é que a mãezinha vai resolver todas as situações em que o menino levar com um não?
- Ó mãe, a Joaninha não quer namorar comigo!!!
- Deixa lá meu amor, toma lá 20 euros e vai ás "meninas" que são bem melhores.
- Ó mãe, O Manel não me deixa andar no carro dele!!!
- Deixa lá meu amor, vai de autocarro que é bem melhor.
- Ó mãe, o pai está lá em cima no quarto com a empregada!!!
- O quê???
- É... Segundo ele é bem melhor...
Pelo amor da Santa gente, os catraios não são um jogo de louça chinesa. Eles aguentam um não, eles precisam de ouvir nãos para se desenvolver. Precisam de pensar em formas de resolver os seus próprios problemas, arranjar soluções para as suas necessidades.

Essa filosofia do reforço meramente positivo funciona lindamente nos seminários, quando aplicada á prática cria jovens chatos e mimados, meninos que vivem agarrados á saia da mãe. Não admira que hoje em dia os putos tenham quinhentas actividades extra-curriculares. Quanto mais tempo estiverem ao cuidado dos outros, mais sossego dão aos pais. Nunca viram uma destas crianças? Já viram já. São aqueles fedelhos que gritam imenso em locais públicos, que fazem birra no super-mercado e têm dificuldade em interagir com as outras crianças, aqueles que correm por entre as cadeiras dos restaurantes sob o olhar impotente ou até mesmo desinteressado dos pais.

Aqui podem ler um artigo sucinto mas certeiro acerca deste assunto.

Esta semana voltamos a levar um susto com vestígios de sangue. Nós sabemos que não são razão para alarme mas a verdade é que daquele friozinho na espinha ninguém nos livra.

Há já umas semanas que tenho vindo a notar que ando com o pavio cada vez mais curto. Qualquer coisa me irrita, a besta do carro ao lado, o senhor que não gosta de cães e a senhora que faz dez operações seguidas no multi-banco quando tem uma fila de cinco metros atrás de si. Começo a sentir uma tensão interior, uma necessidade de espancar alguém que nem é bom pensar. Bom, mas entendidos no assunto garantem-me que é normal, é uma espécie de tensão pré-parto que após o mesmo é substituída por um estado igualmente intenso de alegria e vontade de abraçar toda a gente, o bacano do carro ao lado, o senhor que não gosta de cães mas é uma jóia com as crianças e a senhora que podia ter feito vinte operações na caixa automática mas que optou por fazer apenas dez.
Pelo sim pelo não mantenham-se a distância e se tiverem mesmo que se aproximar... Primeiro perguntem se é seguro!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

32 Semanas

Esta foi a semana da desmistificação. Um pouco ao género de "Tudo o que você queria saber e tinha medo de perguntar".
De regresso ás aulas de preparação para o parto, um dos temas abordados foi "Particularidades do recém-nascido" e que se diga, poupou-nos umas horas largas de preocupação e uns tantos apertos de coração. Pode acontecer tanta coisa, mas tanta coisa que para mim merecia uma corrida imediata ao hospital e que na volta são perfeitamente normais, que não lembra nem ao menino Jesus.
O bebé no primeiro dia está inchado? Isso passa.
Troca os olhos? É natural que assim seja.
Tem espinhas na cara? So what?
Nasceu roxo? Aparentemente nascem todos.
Tem manchas na pele? Pois tem... E depois???
É uma infinidade de coisas que para alguém como eu que se vê envolvido nestas lides pela primeira vez podiam vir a ser uma aflição dos diabos.

Outro problema com estas questões é que trazem consigo outras tantas a reboque.
E se acontecer alguma coisa que eu não saiba resolver?
E se a bebé reagir de forma inesperada a algum estímulo ou situação o que é que eu faço?
E se ela começar a chorar e simplesmente não parar por mais embalo que lhe dê e palhaçadas que faça?
Eu que nem consigo perceber o dialecto dos filhos dos meus amigos?
Quando um dos maguerefes pára na minha frente e balbucia qualquer coisa como "PETO ONININO QUÈ U ITI", eu fico a olhar até a que a mãe traduz que afinal o menino queria Ice-tea... Ahhhh, parece-me tão lógico agora que penso nisso...
Mas no fim das contas paro e olho à minha volta como que parando o mundo por um segundo e penso que se tanta gente muito menos apta já o conseguiu fazer, raios me partam se isto não vai ser canja!

E porque já estamos a falar de desmistificação, vamos aproveitar e rapidamente tentar esclarecer alguns mitos urbanos assim ao modo da revista "Maria:
Toxoplasmose - O pêlo de cão não é de forma alguma perigoso para a mãe ou a criança, nem o de gato tampouco. O cuidado que se deve ter é com as fezes de gato, e mesmo estas só são perigosas se o bichano estiver doente.
Cheirar flores - Cheirar uma flôr não vai fazer com que a criancinha nasça com uma marca na cara. No entanto se a flôr tiver abelha, talvez apareça uma marca na cara da mamã...
Azia quer dizer bebé cabeludo - Calma gente, todas as mulheres tem azia, não significando que vão dar á luz um Chewbacca, é sintoma apenas do aumento dos níveis hormonais que dificultam a digestão.
Uma barriga bicuda é sinal de menino - A forma da barriga não tem qualquer ligação com o sexo da criança, tem a ver com a forma anatómica da mãe e a posição do catraio no ventre. Convenhamos que o rapazola tinha que ser muito abençoado para que tal fosse verdade...
Chupar um limão combate o enjoo - Não tenho dúvida, no entanto remete-nos de novo para a questão da azia...
Comer por dois - Devem, claro que devem comer por dois... E á noite o maridão vai dormir para o sofá pois a cama é só para a mamã!
Relações sexuais podem magoar o bebé ou danificar o útero? - Podem claro, se o maridão fôr o Motumbo ou resolverem dançar "Daggering". Estupidez mesmo é dançar daggering com o Motumbo...


Bom, esclarecido isto, ficamo-nos por aqui. Até para a semana!


P.S. Ritinha, não te esqueças que ainda tens uma volta para dar...

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

31 semanas

Há algumas coisas nesta vida que me fazem muita confusão. A amamentação em locais públicos é uma delas.
Eu gosto de maminhas. Sabe Deus o quanto eu gosto de maminhas. Eu era capaz de viver de maminhas!
E nosso Senhor também sabe o quanto sonho com um mundo desprovido de fome, guerra, doenças com nomes tão simplificados ao nível de se comporem apenas por iniciais... E até era individuo para abdicar do meu sonho de acabar com a fome, a guerra e as doenças... Mas as maminhas, essas...
E ainda assim faz-me confusão!

Chamem-me antiquado, chamem-me quadrado, redondo ou triangular. Chamem-me conservador, chamem-me careta, cota... O que vos aprouver.
Se eu abordasse uma menina e pedisse educadamente que me mostrasse os peitos, no mínimo daria lugar a uma mão cheia de insultos e qui ça em menina mais afoita talvez uma ou duas chapadas à moda antiga. Por seu lado, marido ou namorado se presente, certamente se me lançaria aos dentes, de mão fechada não descansando ou desarmando enquanto existissem na minha boca dois dentes que se conseguissem tocar entre si.

Então, porque é que de repente apenas pelo seu estado lactante de repente tudo é permitido? Toda a vergonha de uma vida se desvanece de um dia para o outro? Eu já ouvi dizer que até a mais envergonhada das senhoras perde toda vergonha na mesa de parto. Está ali, de pernoca aberta e toda a gente que passa, médicos e enfermeiros entenda-se (e ocasionalmente o entregador de pizzas se coincidir a hora de almoço e alguém deixar a porta do bloco aberta) ao passar olham e até mexem para ir controlando a dilatação. Mas mesmo isto não pode ser assim tão libertador que dure uma mão cheia de meses...

Serão os fins a justificar os meios?
Sentir-se-ão as meninas uma espécie de João Garcia a escalar os Pirenéus para sensibilizar o mundo da fome que se vive em África com a diferença de que as vossas maminhas não são os pirinéus nem o leitinho que dão à criança algum dia acabaria com a fome dos meninos do Huambo?
Será o período de amamentação uma espécie de Carnaval em que ninguém leva a mal?

E os maridos? Se abrandarmos um pouco o raciocínio e olharmos para a verdadeira essência do homem, o seu lado mais primitivo, mais animal conseguimos uma teoria plausível.
Macho que é macho gosta de se mostrar, gosta de fazer inveja. Não há melhor sentimento que ver aquele vizinho tinhoso babar-se pelo nosso novo carro com duzentos cavalos, ABS e ESP; o telemóvel com GPS, PSP, LCD, LSD, DST e sei lá que mais quê; ou na nossa nova namorada que é um zero a matemática mas tem uns 86-60-86 calculados à décima.... Faz parte de nós.
Fico feliz se o meu vizinho estiver bem. Fico ainda mais feliz se estiver miserável à conta da inveja que sente de mim. Um pouco como a amizade entre as mulheres mas saudável e sem consequências sérias.
Não há inveja maior entre homens que uma namorada ou esposa com "glândulas mamárias" generosas ou um vale para um ano de cerveja à borla. Como os cheque-bejeca não andam propriamente a cair das árvores, sobram as mamocas como trunfo na manga nestas batalhas titânicas.
Ainda assim... Faz-me confusão. Com todo o gozo que tiro ao ver os outros invejarem-me, as mamocas da minha jove são coisa muito nossa.

Depois há a questão do desconforto que causam aos outros, homens em particular.
Uma sala com cerca de trinta metros quadrados. A lactante mete-se em posição, dá um jeito á criança e tunga, mamoca para fora. Estamos distraídos com a conversa e quando olhamos vemo-nos envolvidos num dos maiores dilemas da nossa vida adulta. Olhar ou não olhar. Se olhamos somos tarados, se não olhamos somos preconceituosos. Ainda assim optamos por não olhar.
Olhamos para todo o lado na sala. Admiramos o branco dos tectos, a beleza dos quadros com o menino e a menina que choram e a impressionante suavidade dos tecidos dos sofás.
Olhamos para o tapete e pensamos: "What the heck, that is a magnificent rug" (gosto de ter estes pensamentos em Inglês, dão-me um ar mais intelectual e neste caso mantêm-me a mente ocupada mais tempo). Fazemos uma força sobre-humana para não olhar para as mamas da mulher do nosso melhor amigo enquanto rezamos para que aquele momento acabe rapidamente.
Arrependemo-nos solenemente por um dia termos pedido a Deus que ao menos uma vez na vida víssemos ao vivo umas marofas como as da Pamela Anderson. Não era isto que queríamos dizer!
É stressante, é constrangedor, é acima de tudo um contra-senso colossal o recato com que guardam as "meninas" durante umas dezenas de anos e que a maternidade seja de tal forma libertadora que passem a património local.

Apesar da apatia própria da primeira semana de trabalho pós-férias e do lento e penoso recobro da normalidade da vida diária, a Ritinha vai dando uns chutos na barriga da F. lembrando-nos que vamos ter mudanças sérias muito brevemente. Curiosamente ao som de Bon Jovi a magana não só dá chutos com dança. Só ainda não conseguimos arranjar forma foi de pôr a pirralha a fazer o pino...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

30 Semanas

Saltitando de semana em semana viemos aterrar na semana trinta. Com dois terços do caminho percorrido, a preparação do grande momento continua sob controle. O quarto está pronto, as aulas de preparação em dia, as malas para o hospital prontíssimas e eu cada vez mais ansioso.
Não sei se pela minha ansiedade se por um alinhamento manhoso da lua com as estrelas, esta semana a minha paciência tem vindo a ser testada ao máximo.
Entre uma consulta no privado que "só" atrasou duas horas, uma ecografia que "só" atrasou três horas, um carrinho de bebé que se recusava terminantemente a abrir mas que perseverantemente venci ao fim de vinte longos minutos, um teste que acusava sangue na urina da F., esta semana não faltou nadinha.
Felizmente, tudo está bem quando acaba bem, o carrinho e eu já fizemos as pazes e repetimos os testes da F. que nos descansaram a alma ao dar negativo.

Uma questão que me têm colocado com frequência e que merece uns minutos de atenção diz respeito à reacção do Joka aquando da chegada da Rita. Vamos lá então ver o plano.
Até hoje todas as atenções foram para o Joka o que naturalmente fará com que sinta ciúmes. E a Rita quando chegar será o centro das atenções, andaremos sempre de volta dela conforme exige um recém-nascido, o que logicamente agrava a ciumeira. É natural e inevitável.
Qual é a solução? Não tem ciência mas também não é chegar a casa com a pirralha e agir como se ela sempre tivesse vivido lá. Não, o momento exige preparação como o exigiria se ao invés de ser um cão fosse uma outra criança.
A preparação deste encontro começou há muitos anos atrás desde o momento em que começamos a habituar o Joka à presença de outros animais, crianças pequenas, à confusão, aos berros e afins. Retirar-lhe a comida sem aviso, acarinhar outros animais e muitas outras situações que podem ser potênciadas por uma criança foram também práticas ás quais o fomos habituando. Isto possibilita que numa situação que por si só já é stressante para o animal, este já esteja familiarizado com uma boa parte das novidades. Outro cuidado importante é fazer uma aproximação lenta e gradual, nunca deixar os dois sozinhos, acima de tudo há que ter consciência que o cão pode ainda que inadvertidamente magoar a criança reagindo a berros, puxões de cauda, etc. No caso do Joka seria uma primeira vez, mas até que estejam perfeitamente familiarizados entre si, a vigilância é um cuidado a adoptar. E muito importante, há que guardar sempre uma atenção e uma festa para o Jokita para que este não se sinta posto de parte. Há que mostrar-lhe que esta pintelha que agora chega não vem roubar o seu espaço mas sim complementar. A forma como o animal se adapta à nova criança não depende de ninguém que não de nós próprios.

Esta semana até porque as férias estão a acabar, resolvemos fazer uma pequena incursão pelas lojas de artigos de criança para fazer umas "comprinhas".  Três fatos, duas chupetas e mais uma pieguices... E cada vez que entrava numa nova loja, o cartão de débito já tinha tremuras. A verdade é que ao preço que as coisas para criança custam quase mais valia comprar para adulto e pôr na máquina de lavar a noventa graus.
Esta semana tudo está bem, a assinalar apenas o facto de a Rita Catita ainda não ter dado a volta. Com tudo preparado para um parto normal, querem lá ver esta pirralha a trocar-nos as voltas e mandar-nos para casa com um vale-cesariana?

quarta-feira, 27 de julho de 2011

29 semanas

Segunda semana de férias. Agora que o quarto já está pronto é chegada a hora de "catalogar" as toneladas de roupas que de um momento para o outro apareceram cá em casa. Eu não sei se alguma vez experimentaram estar dois dias a olhar para roupas cor-de-rosa... Deixem-me dizer-vos que deixa marcas na retina que são irreversíveis.
Ser dos últimos do grupo de amigos a ser pai tem as suas vantagens. Não há horários, bebemos mais cerveja pois não temos que dar o exemplo, podemos usar calão e cuspir palavrões como se tivessemos sido destacados para a Bósnia e muito importante... Mitramos  o imobilizado pueril.
Eu não sei se já pararam para ver o preço dos carrinhos, dos parques, das roupas, dos biberons, no fundo tudo que se relacione com a canalhada. Eu já. Não tivesse já esta tralha toda lá em casa patrocinada pelos amigos e juro que desmaiava (quem me conhece sabe que não sou de desmaiar, excepto quando tiro sangue). A continuar assim, e olhando aos créditos parvos que se fazem para férias, telemóveis e outros bens e serviços de segunda e terceira necessidade, não me admira que qualquer dia se peçam créditos para comprar bugigangas infantis por atado.
Bom, mas á conta dos casaquinhos, das saínhas e camisolinhas (e pronto, numa frase gastei todo o plafond de palavras pequeninas que tinha disponível para este post) pela primeira vez vi a F. rendida. Muito contente e enternecida lá ia dobrando e arrumando a indumentária da cachopa separando por tipo, cor e tamanho. Foi bonito.

Já tinhamos visto que aos poucos há que ir ajustando os nossos hábitos (semana 19), assim há que ir criando desde já uma pikena biblioteca multimédia, afinal de contas estou a contar com ela para nos proporcionar alguns momentos de sossêgo. Assim, a Hello Kitty, o Winnie The Pooh, a Barbie e o Panda do Kung-fu que se diga, é filme para ir bem com uma cerveja, têm vindo a substituir na prateleira o lugar do John Statham, da Angelina Jolie ou do Banderas.

As aulas de parto desta semana começaram bem, no primeiro dia chegamos atrasados e no segundo fiz três inimigos.
Segunda feira falamos de amamentação. Mamas para cima, seios para baixo entre outros termos como mamilos, mamada, etc... Pior, com ilustrações. Há que ter cuidado com determinadas palavras, afinal de contas na gravidez a mãe não é a única que anda sensível...
Na quarta feira, recebi "aquele olhar" dos outros três pais que costumam estar presentes nas sessões. Com a ajuda da F. vim a descobrir que faço muitas perguntas e tiro demasiadas anotações, o que os deixa numa posição sensível em relação ás respectivas parelhas. Aparentemente cada vez que faço uma pergunta elas olham para eles com aquele olhar - "Tás a ver? Tu não mostras interesse assim porquê???"
Espero que ninguém perceba que só faço perguntas para ver o circo a arder e que as anotações no meu caderno não passam de esquissos sexuais inspirados nas aulas e respectiva temática.
Durante as próximas três semanas não há "aulas", pode ser que dê tempo para se esquecerem e ainda irmos a tempo de beber uma cerveja e fazer male bonding".

Esta semana é no que respeita ao desenvolvimento da Rita, a semana do alívio. É aquela semana que marca o ponto a partir do qual se a Rita resolvesse nascer mais cedo, as probabilidades de sobrevivência já rondavam os 90%. Já mede aí uns trinta e cinco centímetros e pesa mais do que a F. sonhava que pudesse vir a pesar...
 Diz-se que devemos nesta fase a começar a falar para a barriga para que a bebé comece a reconhecer a voz. Agradeço quem conheça técnicas de mensagens subliminares que deixe contacto. A ideia é ir mentalizando a catraia de que os rapazes e as suas pilinhas são coisa do demónio...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

28 semanas

Férias! Férias! Férias! Façam lá de conta que não estão roídos de inveja e digam comigo... F-É-R-I-A-S!

Pois é, estamos de férias. Durante três semanas (uma já vai na conta) é pernas ao alto, deitar tarde e dormir até ás tantas. É passear, visitar os amigos e fazer churrascos. Ir ao cinema à segunda-feira, ir para a praia e andar descalço de manhã à noite. Passear o Joka ás quatro de la matin e tomar o pequeno almoço ao meio dia.

Era bom não era? Este ano está a ser um pouco diferente. Pelo menos esta primeira semana foi inteiramente dedicada ao quarto da Rita. Obras,obras e mais obras... Isto de decorar um quarto de criança tem muito que se lhe diga... É quase como uma receita culinária.

Ingredientes:
- 1 lata de tinta lilás alfazema
- 1 lata de tinta branca
- 1 lata de tinha fúcsia ou fuchsia ou rosa-choque ou magenta eléctrico (dava pano para mangas)
- Massa para buracos.
- 2 rolos de fita de papel (normalmente1 chega mas estava a mais de meio)
- 1 rolo de papel de parede fófinho
-  Prateleiras e cubos a gosto
- 1 suporte de TV+TV
- 1 cama de grades de tamanho standard
- 1 cómoda espaçosa
- 1 par de cortinados marron
- Enfeites vários
- Stickers de florzinhas
- Stickers de bicharada
- 1 tapete da sininho
- 1 candeeiro com flores e borboletas

A primeira coisa a fazer é preparar o quarto protegendo o chão e isolando as madeiras.
Pegue nos buracos e encha-os com massa. Deixe secar e lixe.
Em seguida abra a lata da tinta branca e pinte o tecto. Constatará que pintou o tecto, o chão, as paredes o roupeiro, as portas,o sofá e o cão tem pintas novas. Aproveite enquanto está cheio de força e avance para a próxima fase. Junte a tinta lilás ás paredes em quantidade adequada. Num recipiente à parte junte as prateleiras com a tinta fucsia e misture até que se fundam. Limpe o chão, as portas, o roupeiro e o sofá que sujou ao pintar o tecto. Junte o papel de parede com as portas do armário e os stickers de animais. Deixe repousar alguns uns minutos.
Nas paredes previamente pintadas junte agora as prateleiras, os cubos, os stickers com flores, o varão e as cortinas. Na parede do fundo, disponha a tinta branca e a tinta fucsia de modo a que se assemelhe à hello Kitty.
Nesta altura é seguro acrescentar as mobílias, as tintas já tiveram tempo para levedar e não se fundirão. Junte também o candeeiro de tecto e o tapete da sininho.
Decore a seu gosto com peluches e bonecos.

Et voilá, sai um quarto cor-de-rosa!


 

Esta semana também iniciamos as aulas de preparação para o parto. Como é que hei-de explicar isto? Vai ser difícil de aguentar... Fomos a duas sessões, a primeira foi uma sessão de cinema Francês cuja película se chamava "A Odisseia da vida". Dá para imaginar, não dá? Ok, então poupemo-nos a esse trabalho e prossigamos.
A segunda foi dedicada a técnicas de relaxamento. Técnicas muito zen, com imagens felizes e músicas felizes e poemas e respiração feliz e coisas...
Uma técnica a título de exemplo, é imaginar coisas felizes. Fechar os olhos, abstrair-se do mundo exterior e concentrar-se em si. Imaginar imagens de coisas que nos façam felizes. É um exercício muito pessoal. Eu no meu exercício de olhos fechados via passar imagens de gajas, carros, gajas nos carros, carros cheios de gajas e de facto estava a funcionar, até que abri os olhos e vi a "Quinhentos quilos", como carinhosamente gosto de chamar baixinho e se senta no lugar imediatamente em frente ao meu, e que sorria de olhos fechados desfolhando freneticamente páginas e páginas mentais repletas de imagens com coxas de frango, hamburgers, batatas fritas e entrecosto grelhado na brasa.
Outra técnica tida em altíssima consideração é da vela que segundo a estagiária de serviço, é altamente relaxante. Juntar os dedos indicador e polegar, aproximar da boca e  soprar como se estivéssemos a apagar uma vela. Estão a imaginar? Não faz nada...
Agora imaginem que no meio dos dedos tinha um charutinho (if you know what I men) e que sopravam... Mas ao para trás. Isso é que era relaxante!
Para a semana, amamentação e características do RN. (Não sabem o que é o RN? Incultos... Recém Nascido... TsssTsss)



quinta-feira, 21 de julho de 2011

27 semanas

Desde que entramos no terceiro trimestre que ao contrário do estacionamento num lugar de grávidas, tudo acontece em fast foward. Os dias sucedem-se em cascata e o prazo para os preparativos finais está a apertar.
Preparar o quarto, comprar o que houver a comprar, preparar-me psicologicamente para as aulas de preparação para o parto que iniciam na próxima semana, as arrumações caseiras... Eu sei lá, sei lá!
A tendência das grávidas ao passarem pela F. sorrirem-lhe como se todas fizessem parte de uma grande fraternidade tem vindo a aumentar. É como se fossem colegas de condição, como se à sua maneira e no seu mundo cor-de-rosa sentissem uma ligação psíquica, uma espécie de telepatia. É aquele sorriso do "Olá miguinha especial!", como se se conhecessem sem nunca se terem visto. Como se essa fraternidade imaginária tivesse membros espalhados pelo mundo inteiro, super-senhoras super-especiais com super-poderes super-fófinhos.
Quando confrontada com os factos, a F. simplesmente encolhe os ombros, continua a não sentir essa "afinidade fraterna", essa "telepatia gestacional".

Entretanto o veículo que há umas semanas tinha metido baixa mecânica já está de novo operacional, o que significa que as obras do quarto da Rita avançarão em breve.Ultimamente a F. tem falado com mais frequência nas ditas obras. É porque o tempo está a passar, blá, blá, blá... Porque vi isto não sei onde... Ai que ficava tão giro aquilo assim ali...Sinto que não vou conseguir protelar este momento por muito mais tempo.
Assim como eu, O Joka tem passado mais tempo no quarto que outrora fora o nosso esconderijo. Será verdade o que se diz acerca da capacidade extra-sensorial dos animais? Será que o Joka já percebeu que brevemente seremos despejados do nosso bunker? Do único espaço desta casa até hoje completamente governado por homens? O espaço que brevemente cessará a sua função de escritório, de clube recreativo, discoteca, quarto de hotel (canino) e de quartel general para dar lugar a um imenso, floreado e fófinho... Quarto de princesinha???

Bom, mudando de assunto pois este em particular apela-me ao coração e homem que é homem não chora, come a vaca e usa Old Spice, vamos falar do desenvolvimento da Rita Catita.
Até ver está tudo conforme, tudo está como devia estar. Os órgãos continuam a desenvolver-se de dia para dia, o peso da catraia já ronda um quilo e tal e o tamanho... Sei lá, está grande!
Já pontapeia como se não houvesse amanhã, pontapeia fraquinho, é certo, mas é o suficiente para setenta por cento das vezes, conseguir sentir.
A F. por sua vez está em grande. Não da forma que acha uma vez que ninguém a consegue convencer do quão magnifica está.  Acha que está gorda, que tem um barrigão, que não sei o quê, que não sei quê mais. Acho que de uma forma ou outra, deve ser um discurso comum em todas as casas.
Pois eu acho que está um mimo. Está gira. Está fófinha. Tem uma barriguinha grande é certo, mas fantástica. E para rematar tem umas boobs... Acho que preciso de um copo de água...

Para a semana começam as aulas de preparação para o parto. Uma sala cheia de grávidas a sorrir umas para as outras com a tal da telepatia. Muita conversa de xixi e cocó. E os maridões com o peito à Tony Ramos cheio de ar... A querer fazer conversa de chacha para a pouco e pouco chegar a assuntos tão interessantes como o tempo, tropa e o quão próximos estiveram de vir a ser jogadores de futebol profissional.
Se calhar vou levar o Joka, sempre ajuda a passar o tempo, afasta as grávidas que tem medo das doênças, afasta metade dos maridões pois tem medo de cães e assim como assim, também deve haver muita coisa que o Jokinha precisa de aprender até ao dia da chegada da Rita.

Talvez seja uma boa altura para dizer: - "Oh my dog..."
(e pronto, assim se enfia um trocadilho que não encaixa em lado nenhum mas aqui até fica mais ou menos)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

26 semanas

Volvidas vinte e seis semanas, ou para ser mais justo, vinte e duas desde que comecei esta extenuante cruzada em busca por um lugar de grávida que se encontrasse livre, eis que esta encontrou finalmente o seu termo. Esta longa, solitária e ingrata jornada, qual Indiana Jones em busca da arca perdida, encontrou esta semana o seu final feliz no parque de estacionamento de um espaço comercial seriam talvez umas 22H30 do passado sábado.

Tenho que dizer que foi um momento verdadeiramente poético, pelo menos para mim.
Talvez a uns vinte metros, vi o lugar que ao longe me pareceu vago. O meu primeiro pensamento foi o mesmo de sempre - "Sim Jay, por ser para ti está livre", mas contudo resolvi aproximar-me. Tal e qual uma caçada em que não queremos afastar a presa, aproximei-me devagar. Ao chegar a uns dez metros para meu grande espanto, constato que está de facto livre e foi então que o meu coração começou a bater com a vitalidade de um pace-maker novinho em folha...
Achava eu que estava preparado para este momento, tonto de mim... Sonhei com ele durante meses, até já tinha um discurso preparado para assinalar o acontecimento condignamente e agora... Bom, agora estava ali, tão nervoso como um adolescente perante a sua primeira experiência sexual. Mas tinha que ser, e usando de novo a analogia do adolescente, eu sabia que se demorasse muito a enfiar lá o carro, logo outro mais expedito que eu apareceria e o faria em meu lugar deixando-me desolado e à mercê do velho Deus Whisky...

(daqui em diante a coisa passa-se em câmera lenta. Temos duas hipóteses, ou escrevo usando hífenes entre cada letra, o que dá um trabalhão do camandro e vocês não me pagam para isso, ou fazem o obséquio de ler muito devagarinho e imaginar a coisa em câmera lenta e com esta música de fundo).
Vangelis - Chariots of Fire by kliktyklik

Desapertei dois botões da camisa e limpei o suor que me reluzia na testa. O momento pelo qual tanto havia esperado, sonhado e até chorado durante vinte e duas longas semanas havia batido o pé na linha cronológica da minha insignificante existência. Era agora o tal momento...
Apaguei as luzes para não o afugentar, todos sabemos sabemos o quão assustadiços são estes maguerefes. Meti primeira e avancei devagar no entanto repleto de confiança.  Encontrava-me neste momento talvez a uns seis ou sete metros da Terra Prometida. Por entre o cheiro da maresia e o escape dos carros conseguia sentir perfeitamente o seu odor. Aquele odor frio, carregado e indiferente contudo imensamente penetrante não me enganava... Era alcatrão! O mesmo alcatrão que em segundos suportaria toda a massa mecânica que se ergue sob o capô do meu carro e assim avancei com redobrada cautela, estes últimos metros são sempre decisivos.
Estava nevoeiro, no meu campo de visão nada existia excepto eu e aquele lugar. O resto? As ruas, os edifícios, os outros carros e as pessoas? Não passavam de luzes e sombras, meros espectadores de um grande espectáculo. O grande espectáculo do milagre do estacionamento...
Tudo estava a correr de forma virginalmente perfeita até que aos três metros de distância o meu mundo quase desmoronou... Uma escada... Eu havia passado sob uma escada, mas nem isso me demoveu. Não seria agora que findas vinte e duas semanas e centenas de quilómetros que eu iria desistir. Com este pensamento na mente e a adrenalina a percorrer todo o meu corpo terreno, eu avancei... Mas a sorte decididamente não estava do meu lado, não havia avançado nem meio metro quando vejo um enorme gato preto pavonear-se na frente do carro. Foi então que senti a mão da F. no meu braço. Olhei para ela e disse-me - "Há que saber quando parar Jay... Isto já foi longe demais!"
Assenti com a cabeça e quando já tinha a marcha a trás engrenada, olho de novo para a frente e vejo uma menina puxando um cordel. Na ponta desse cordel não vinha amarrado outro que não o nosso gato preto... Afinal era um gato de peluche!
Engatei primeira e acelerei como um verdadeiro James Dean, agora era para ir até ao fim! Uma grande nuvem de fumo envolveu as imediações, as rodas da frente quase não tocavam o pavimento, uma loucura incontrolável havia tomado conta de mim. Enquanto as lágrimas me escorriam pela cara abaixo ao som daquela voz que me dizia - "Não pares agora Jay, tu vais conseguir! Tu podes tudo!!!", via milímetro a milímetro o meu carro posicionar-se sobre aquele exíguo espaço que até aqui somente fazia parte do meu imaginário. Com toda a minha energia puxei o travão de mão. E segundos depois tudo estava terminado. Estava feito. Estava estacionado!
Olhei para a F. que por entre as lágrimas sorria e me acenava com a cabeça como quem me dizia - " Eu sabia que eras capaz meu querido! É por isto que te amo!"
O meu mais recente e louco sonho estava realizado. Eu havia efectivamente estacionado num lugar de grávida!

(neste momento podem parar a música e retomar um ritmo de leitura normal)

Como em tudo na vida, há sempre conclusões passíveis de se retirar de toda a experiência:
- Conclusão 1 - Este ano Portugal registará um número abismal de nascimentos dada a ocupação constante dos lugares de grávida.
- Conclusão 2 - A ser errada a conclusão 1, à semelhança dos cães o ser humano desenvolveu a capacidade de fazer gravidez psicológica, o que na minha modesta opinião era coisa para irem ao médico...

domingo, 26 de junho de 2011

25 semanas

Isto está a começar a complicar. A disponibilidade para vir até aqui contar a pré-história da Rita Catita tem vindo  a desaparecer e a pintelha ainda nem sequer nasceu. Entre o trabalho, o dia-a-dia e os novos affairs relacionados com a cachopa, o tempo tem demonstrado uma tendência natural para gozar connosco.
Tem sido um pouco como uma camisola de lã com um fio puxado. Enquanto ninguém mexe no fio, está tudo tranquilo, é só um fio que se compõe facilmente. O problema é quando se puxa, a camisola desmancha-se mostrando que afinal havia muito mais que um fio pendurado. O mesmo está a acontecer com as obras do quarto da Rita. Inicialmente, há bué de bué de longe no tempo,  tencionavamos apenas fazer uma pequena decoração, uma coisa simples e modesta. Mas depois e porque a vaidade tem sempre a última palavra, resolvemos fazer uma coisa mais elaborada, mais bonita, com lambrins e papeis de parede e móveis a condizer. Depois, e porque já que estavamos com a mão na massa, porque não remodelar também o nosso quarto? Desde aí os nossos fins de semana tem sido ocupados com obras, com compras e arrumações... Mais obras, mais compras e mais arrumações... "And o the story goes, tidadi tidadi tidadidadidadi..."
Com o passar das semanas, as mudanças cá em casa tem sido uma constante. Não só mudanças físicas, como é lógico, mas também (e mais importante) as mudanças ao nível psicológico. A F. que nunca se enterneceu com nada que se relacionasse com a pirralhada, começa agora a esboçar uns sorrisos e uns comentários assustadores relacionados com as roupas miniatura que começam a aparecer por aqui. Por meu lado tenho que admitir que também me sinto mais tolerante e compreensivo com a pirralhada. Se há seis meses um catraio a correr no meio das mesas de um restaurante era um "animalzinho", hoje compreendo que é uma criança normal cujos pais são umas grandes bestas.
Ainda que a barriga da F. há muito não dê para esconder, é admirável a postura que as pessoas adoptam no super-mercado na presença de uma grávida. É certo que gravidez não é uma doença, mas era bom ver alguma simpatia, alguma educação e algum respeito para com os outros... Sabia bem poder alimentar a doce ilusão de que as pessoas não são tão secas como se apresentam na vida social e comunitária.

Segundo o site http://saude.fok.com.br/gravidez/semana-25.html, os membros da Ritinha já estão completamente desenvolvidos e esta passa agora a maior parte do tempo acordada a explorar o útero e a mexer em tudo (deve andar a treinar para arrumar o armário dos sapatos, digo eu...). A ser verdade, porque é que ainda é tão raro conseguir sentir a catraia aos Xutos e Pontapés (aqui fica a singela homenagem)?
Ritinha... Um chutinho pró velhote? Vá lá...

Aparentemente esta semana as mudanças na bebé são imensas, desde um narizinho empinado que já consegue cheirar, a vasos capilares e vasos sanguineos formados, pela mais macia e rosada, eu sei lá... Tanto, tanto...
Com cerca de trinta centímetos e setecentas gramas, Rita Catita lança-se assim na vigésima sexta semana da sua jornada pré-natal. Faltam pouco mais de três meses para o nascimento da fedelha e a cada dia que passa a ansiedade aumenta, a cada vez que a consigo sentir movimentar-se na barriga da F. torna-se mais difícil esperar o passar do tempo que ainda resta, a cada vez que penso na nossa vida após a chegada do nosso pequeno porta-chaves assalta-me as idéias um único e definitivo pensamento: "Ainda faltam três meses.... Ahrrrr... Ainda faltam três meses???"

quinta-feira, 16 de junho de 2011

24 semanas

Bom, finalmente após umas semanas mais atribuladas lá apareceu uma semana em que não se passou nada. É que não se passou mesmo nadinha. Tal foi a ausência de acontecimentos, que do pouco que tenho para escrever hoje diz respeito ao cheque dentário.
Eu já tinha percebido que nesta coisa da gravidez a mulher é tratada como uma rainha. Ele é dispensas, ele é cinco meses ao alto, ele é toda a gente a apaparicar a menina, prioridade no super-mercado... E no final ainda tem direito a um cheque dentário.
Fico feliz. A sério que fico feliz. Primeiro porque ainda que a F. não estivesse a precisar, é grátis e grátis é sempre um conceito a abraçar. Depois porque ao cabo de tanto tempo com o governo, o FMI, a Troika, o ex-primeiro ministro, o novo primeiro ministro, os candidatos a primeiro ministro, todos ao mesmo tempo a tentar enfiar-nos a gadanha no bolso, este cheque até vem quebrar a onda de roubos.
Ao mesmo tempo fico aborrecido. E fico aborrecido porquê? (perguntam as três pessoas que com receio de perder a amizade continuam a seguir este blog)
Porque me sinto descriminado!
Eu também uso dentes. Que por sua vez também doem como os outros, também necessitam de cuidados e atenção médica.
Sinto-me descriminado e sinto-me usado. Sinto que fui usado para gerar esta criança e que agora me tornei dispensável. Sinto-me o verdadeiro Louva-a-deus que após a cópula se despede discretamente e vai morrer sozinho num cantinho afastado (no caso do Louva-a-deus é bem mais grave).
Eu também quero um cheque dentista! Mas quero-o só por querer porque usar não faz parte dos planos, é que os dentistas têm agulhas e eu e as agulhas da-mo-nos malzinho...
Eu acho que isto do cheque dentário deve ser uma espécie de preparação para o registo do grande momento. A mega-foto de família com sorriso chapa cinco. A F. e a bebé, o médico e as enfermeiras, a senhora da recepção, as senhoras da Vadeca, o vigilante de serviço e o entregador de pizzas que apertando-se uns contra os outros e sorrindo como convém, me pedem com graçola e grande lata: "Olhe desculpe, o senhor não se importa de nos tirar aqui uma foto???"
Bom mas falando da Ritinha, que foi quem nos trouxe cá, fiquem sabendo que a vida dentro do útero está a ficar complicada. A Rita está a crescer e o espaço a diminuir, os ouvidos estão a funcionar a cem por cento, logo ruídos fortes ou movimentos bruscos podem assustar a Rita Catita. Os sons á sua volta começam a ser familiares, o bater do coração da F., o respirar, a barriga a roncar de fome, o roncar do pai à noite...
Desde a semana passada que a Rita aprendeu a andar à pancada, desde aí que volta e meia lá dá um soco ou um pontapé nas costelas da F. Quando a F. me chama e eu vou a correr para sentir "a pancada", é silêncio absoluto na mais santa paz do Senhor. Eu mereço...
O desafio lançado esta semana para o pai é, e passo a citar: "Tire muitas fotos da sua esposa. Mesmo que ela não goste, irá curtir mais tarde, quando ficar com saudades daquela "barriguinha". Peça para ela fazer uma pose tipo Demi Moore em Vanity Fair!"  Ahhh...Falar é fácil, né???

domingo, 5 de junho de 2011

23 semanas

De semana em semana os acontecimentos em catadupa sucedem-se com mais frequência, e se comparamos com a semana que passou, esta não lhe ficou nada atrás.
À excepção do Joka, esta semana estivemos todos de "molho" cá na residência do Clã. Primeiro foi a F. logo no início da semana, passando-me o testemunho na quarta feira com o qual corri a maratona a bem dizer até Domingo. A evolução da ciência tem coisas fantásticas, antigamente era frequente adoecermos e não se sabermos qual a razão. Hoje em dia isso já não acontece, hoje em dia é "virose" que anda por aí. Não sabemos que tipo de virose, não sabemos como se chama, como se transmite ou como se evita mas sabemos que "apanhamos uma virose". Bom, mas à base de descanso e Ben-U-Ron a coisa já está sanada e estamos todos de novo de pé e prontos para mais uma corrida. Quem ficou a ganhar no meio de tudo isto foi mesmo o Joka que ganhou companhia por um dia e meio.
Esta semana também ficou marcada por um pequeno incidente. Para ser mais preciso, ficou marcada no para-choques, na grelha e em mais meia dúzia e peças do veículo principal cá de casa. Assim, até que saibamos quanto nos vai custar tirar o sorriso parvo e escancarado com que deixei o coitado, as obras do quarto da Ritinha terão que aguardar mais uns dias.

A pergunta que já calculava que mais cedo ou mais tarde começassem a fazer mas que rezava a todos os Santos para que não tivessem o mau-gosto de fazer, surgiu por estes dias.
- Então, e agora que vais fazer ao cão?
- De facto se calhar quando chegar a casa vou dar-lhe um banho...
- Não... Quando a criança nascer.
- Ahhh.. Ainda não sei. Já pensei nisso. Sabes que não tenho coragem de o dar. Estou pensar mandar esvazia-lo e encher com algodão. Que dizes?
(peço desculpa ás pessoas mais sensíveis mas uma pergunta cretina exige uma resposta à altura)
Quarta-feira foi o dia internacional da criança e não fora a Ritinha a escolher este dia para dar os primeiros toques, como quem diz - "Ó gente, não se esqueçam que eu estou aqui!" e nem nos tínhamos lembrado. É mais uma data que temos que começar a lembrar...

Agora com as novidades da semana vinte e dois completamente "digeridas" e interiorizadas, é altura de analisar os "estragos". Isto de saber que é uma rapariga e não um rapaz afinal até veio resolver uma série de problemas. Todos sabemos o quanto os catraios adoram os cartoons assim como nós no nosso tempo. O He-man, o Vitinho, o Joca Marmota, o Bocas, o Freddy a formiga e tantos outros deram lugar aos Gormitis, aos Transformers e aos Pokemons, o que devo confessar me vinha a preocupar de sobre-maneira. Primeiro porque decorar um quarto tendo como temática os Gormitis parece-me uma aberração. Por outro lado, o Winnie the pooh, que anda sempre comprometedoramente feliz, que tem um amigo tigre que saltita alegremente sobre algo que se parece uma cauda mas nunca ninguém conseguiu provar e um burro com ar de quem está com uma depressão crónica também não me parecia lá grande opção. O Ruca e o Noddy... Bom, para evitar o calão não nos alonguemos no disparate... Assim, parece-me bem mais natural uma catraia com os seus acessórios da Hello Kitty, que de resto tem "assombrado" este humilde lar vai para uns anos. Outro lado francamente positivo, é que todos os penduricalhos da "gata" que andam espalhados pela casa, oportunamente encontrarão pouso permanente no quarto da Rita, libertando assim a restante área das anafadas peças e pecinhas...

E já que falamos na Rita, ficamos a saber que todos s orgãos estão praticamente formados, daqui para a frente é crescer, crescer, crescer! Começa esta semana a ficar mais proporcional, ou seja a cabeça mais proporcional ao corpo (se bem que a julgar pela F. com quase trinta e quatro anos, quando se fala de futebol é cabeçuda que contado ninguém acredita).
A audição está cada vez mais desenvolvida. Perfect timming, uma vez que o campeonato nacional de futebol já terminou e até Setembro é só ensinar coisas boas e palavras bonitas á criancinha... Os olhos e os lábios já estão formados e os médicos aconselham que desde esta altura se comece a falar "prá barriga" de modo a reforçar o laço criança-mãe bem como com o pai.
As semanas sucedem-se rapidamente e à medida que o tempo vai passando tudo me vai parecendo mais delicado e os problemas não tão problemáticos.
Já dou comigo a imaginar a Rita Catita, como gosto de lhe chamar, connosco, a brincar com o Joka, a fazer as danças do Panda e a acordar-nos ás quatro da matina a dizer - "Abram-me a porta, esqueci-me da chave!". Até os fatos cor-de-rosa e os berlicoques da Hello Kitty têm vindo a ganhar alguma graça. Bom, daqui até Setembro são só mais dois passos de coelho. Fiquem por aí e vamos falando...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

22 semanas


Esta semana vamos levar a coisa com calma pois a informação é mais que muita e de forte impacto aqui no velhote.
Na sexta-feira a F. foi fazer o teste da glicose. Há semanas que andava apreensiva com este exame pois não havia viv´alma que não lhe dissesse o quão terrível era ter que o fazer. Há quem não consiga, há quem vomite, quem tenha que o repetir, eu sei lá... Uma aventura! Resumidamente, o exame consiste na ingestão de um líquido intragável em jejum e aguentar os cavalos sem vomitar durante duas horas. Depois disso, é só tirar seis frascos de sangue para a dita análise. Esta é uma daquelas alturas em que ergo os bracinhos ao céu e agradeço ao meu paizinho não me ter feito mulher... Seis frascos de sangue... Bom, o que é certo é que a F. à sua boa maneira, aguentou-se como uma brava. Fez o exame, aguentou as duas horas, tirou o sangue e no fim despediu-se olhando sobre o ombro com um sorriso e um piscar de olho.
Domingo já foi um dia mais complicado. Com esta coisa da paternidade e como já tivemos oportunidade de constatar anteriormente, os hábitos vão-se mantendo embora com "ligeiras" alterações. Assim, como em tantas outras ocasiões, no domingo fomos a uma feira na Exponor. A "ligeira" diferença é que ao invés da feira ser o Salão Automóvel, a Feira Canina, a Feira Do Desporto ou a Vida Natura, desta feita foi a "Ser Mamã"... Logo à partida só pelo nome da feira já estaria tudo dito, mas há no entanto uma ou duas coisas dignas de destaque.
Nesta feira tudo é fófinho. As meninas têm todas barriguinha e os acompanhantes têm todos cara de parvo. Eles pavoneiam-se ao lado delas de peito feito como quem diz - "Estão a ver esta barriguinha aqui? Fui eu que fiz... É o meu filho que está lá dentro". Até teriam algum valor se nesse pavilhão não estivessem mais quinhentos Super-heróis nas mesmas condições.
A meio da feira encontramos uma personagem única - O senhor da crio-preservação, sector privado é claro.
- Então já conhecem a crio-preservação que consiste em retirar as células do cordão umbilical?
- Já e vamos fazer, já estamos inscritos.
- Ah pois mas nós não retiramos células do sangue retiramos quinze centímetros de cordão...
- E em termos práticos qual é a diferença?
- É que eles retiram células do sangue e nós retiramos quinze centímetros de cordão...
- Sim, mas traduzido em aplicações práticas isso quer dizer o quê, que vantagens tem no futuro?
- Eles tiram sangue e nós tiramos quinze centímetros de cordão...
- Ah... Percebo... Deixe-me pensar no assunto...
Coisas porreiras como carros telecomandados, helicópteros, modelos da burago ou playstations não havia lá na feira. Só fraldas de trezentos euros, sacos para enfiar os bebés a dormir e um senhor que corta quinze centímetros do cordão...
No que diz respeito a limpezas... Está tudo a correr bem, obrigado! Felizmente sou o único homem lá em casa, caso contrário ia haver problemas graves. Pêlos de barba deixados a marinar no lavatório eram coisa para me enfurecer e fazer saltar a tampa.
Esta semana, o bebé começa a desenvolver o cérebro, processo que de acordo com os entendidos dura até aos cinco anos, ou seja, até ingressar na escola. Aí o desenvolvimento pára, o que faz algum sentido. A criança já tem cabelo, e esta eu não sabia, o cabelo é completamente branco. O paladar já se está a desenvolver, o que é bom pois a única coisa que o bebé tem à disposição é líquido amniótico... Já tem unhas e sobrancelhas, pesa quatrocentas gramas e o comprimento é de dezanove centímetros.
E agora... O ponto alto desta semana que propositadamente deixei para o fim... Quando dizia na semana passada que a ecografia das vinte e duas semanas seria bastante interessante, nem eu próprio sabia o quanto. Quando já davamos como certo estar á espera de um moçoilo, um mini-me, um "Rodrigo, o rei das catraias..." Eis que ainda nem me tinha sentado no consultório e já o médico estava a dizer à F. - "Eh lá, temos aqui uma menina, não tenho dúvidas nenhumas". Pronto... Não tem dúvidas nenhumas? Tinha que ser assim tão conclusivo? Custava ficar na dúvida? Custava ter ido mais ao de leve com o meu pobre coração? Custava preparar-me para a notícia? Custava???
Quando todos diziam ser um rapaz, o meu sogro e a sua agulha amestrada, a senhora da limpeza e a forma da barriga, as tabelas astrais, as outras ecos, e apenas dois indíviduos que se encontravam na altura altamente embriagados teimaram comigo que era uma rapariga, não é que afinal eles é que tinham razão?
Fiquei um pouco "duh", admito, embora a minha preferência sempre tenha recaído sobre a possibilidade de ter uma menina do papá, com tanta gente durante tanto tempo a dizer que era rapaz, confesso que já me tinha habituado à ideia e já criava espectativas. Bom, mas após o choque inicial e um copo de água com açucar, dá para tirar algumas conclusões:
Em primeiro lugar, a banheira cor-de-rosa que tinhamos e que tanto preocupava toda a gente, afinal já não é um problema. Depois, é impressionante como um pequeno acontecimento como o de hoje pode mudar tanto a forma como vemos o mundo. Em relação aos putos dos nossos amigos que tanto gostava, que até aqui eram meus sobrinhos, putos do peito, "my homeboyz", de repente não consigo pensar neles sem pensar que são futuros abutres sedentos. De repente todo o catraio me parece um potêncial inimigo. Até o pequeno Tomás do fundo dos seus cinco meses já revela um certo olhar de tarado.
Há uns anos gozava com um amigo que teve uma miúda incentivando-o a comprar uma caçadeira para afastar os fulanos na adolescência. Guess what? "I started a joke, but the joke was on me..."

P.S. Oh Ritinha tão bonitinha do pai... :)

terça-feira, 24 de maio de 2011

21 semanas

Bom... Para inicio de conversa vamos falar de bananas e arrumar este assunto rapidamente.
Ainda que na minha cabeça o plano funcionasse na perfeição, tenho que confessar que não resultou. Não só não resultou como ainda me disse para pôr as bananas não sei onde que não percebi, mas que também não me soou nada bem. Conclusão? Sexta-feira passada foi dia de limpezas até ás dez horas da noite.
Foi também esta semana que começamos a ver mais seriamente as decorações para o quarto da criança. Não podemos no entanto comprar nada, pois ainda não nos disseram se vem aí um rapaz ou se vem aí um rapaz. Pelo sim pelo não vamos esperar pela confirmação de que vem aí um rapaz. Como já esperava, a F. está em pulgas com a decoração do quarto. Se querem convencer uma mulher a fazer alguma coisa, só tem que arranjar forma de o ligar a decorações. Vou exemplificar:
- Querida, vamos ter um filho?
- És doido? Nem pensar. A barriga, os enjoos, os desejos, as consultas... Não!
- Ah, é pena... Depois decorávamos o quarto da criança e tal...
- Ah bom se é assim então salta-me em cima e tal...
Se bem usado, este método funciona para tudo. Querem ver?
- Querida, conheci outra mulher e comprei-lhe um apartamento e tal...
- O quê? Tu és um grandessíssimo isto e aquilo. És um não-sei-o-quê... Seu grande Coiso! (há que ter contenção no calão, tenho andado a praticar...)
- Calma querida... O apartamento ainda não está decorado.
- Ah bom, se é assim, então se calhar acho que estás perdoado e tal...
Bem, eu não sei como nem como não, mas com a conversa da decoração do quarto do puto, quando tal já era necessário decorar também o nosso e o IRS que pensei que se iria traduzir numa bicicleta nova, já se foi. Ou melhor, não sei foi mas em breve vai.
Esta semana tivemos o primeiro contacto (e o segundo também) com as caixas prioritárias. É tudo aquilo que esperava e muito mais. As meninas tendem a pensar que o dia do casamento é o dia em que são o centro das atenções? Nahhh..... Ser prioritário é que é... Estávamos no Pingo Doce com um carro cheio de compras quando decidimos experimentar essa coisa da prioridade. Assim, com esse pensamento na ideia, enchemos o peito de ar e dirigi-mo-nos a uma caixa prioritária. Não aconteceu rigorosamente nada. Pensei para mim: "Eh pah, o rapaz da caixa não nos viu. E se o chefe dele nos vê e repara que não nos chamou? É bem capaz de o despedir, coitado..." Então achei por bem avisar que estávamos ali. Assim que olhou para a barriga da F.chamou-nos de imediato, quais honras de estado, ignorou todas as pessoas que estavam à nossa frente. Eu nem queria, mas o rapaz estava a trabalhar e devemos respeitar o trabalho das pessoas... Continuo no entanto a tentar afincadamente estacionar num lugar para grávidas, tarefa que não se tem apresentado de fácil execução.
Analisando rapidamente o desenvolvimento da criança esta semana, fiquem sabendo que o pimpolho já tem as feições todas formadas, o que deve tornar a ecografia das vinte e duas semanas particularmente interessante. O cabelo já está a crescer e já começa a ter comportamentos próprios de uma criança como chupar no dedo (mal ele sabe que na idade adulta vai ficar a chupar no dedo muitas vezes...). Fiquei também a saber que esta semana o Bebé começa a deglutir liquido amniótico. Dois pontos a assinalar: Primeiro é nojento. A imagem mental que se me forma no pensamento... Não é bonita. O segundo é que esta prática é o que um dia lhe permitirá apreciar uma boa cerveja, facto que justifica plenamente o primeiro ponto. Já pesa cerca de trezentos e dez gramas e mede aproximadamente dezoito centímetros. Agora sim, já é um compridolas o magano!
E pronto, por esta semana está feito. A próxima semana vai ser movimentada. Ecografia morfológica, teste da glicose, feira "Ser mamã" e está claro... Mais limpezas...

terça-feira, 17 de maio de 2011

20 semanas

Ora aí está! Nem mais a um lado... Nem mais a outro. É no meio que está a virtude e nós estamos precisamente a meio do caminho.
Esta semana uma vez mais, a sabedoria popular esteve ao seu mais alto nível. Do alto da sua experiência que é vasta como o Universo, a sabedoria popular  apontou de novo para o nascimento de um rapaz. A senhora que faz as limpezas cá no prédio "apanhou" a F. no hall e com um entusiasmo que já vem sendo comum nas mulheres de meia idade que se cruzam com a barriga da F., pediu-lhe que se virasse de costas. Como de costas não se nota que está grávida, aliás usando das palavras da própria "não tem inxundias de lado nem atrás, só pipo!", de acordo com a crença popular isto significa que vem um pilas à boleia da cegonha.
Através das pesquisas que tenho vindo a realizar na Internet, vim a descobrir que o Bebé dorme a maior parte do tempo, o que me leva a pensar que a vida dentro do ventre ainda que confortável, deve ser uma grandessíssima seca. Imaginemos o cenário:
Um individuo acorda. Olha... Ainda está tudo escuro. Então pensa - "Está escuro, ainda deve ser de noite, vira para o lado." 
Passadas umas horas acorda de novo. Olha à volta... Ainda está tudo escuro. E pensa - "Ainda é de noite, vira para o outro lado." 
Ao cabo de mais algum tempo volta a acordar. Volta a olhar... Volta a constatar que ainda está tudo escuro. E volta a pensar - "Ainda é de noite? Bom, então vira para o lado." Isto durante nove meses ... Deve ser aborrecido.
Os pulmões e  o sistema digestivo já estão praticamente formados e o cérebro já tem cerca de trinta milhões de neurónios. Ora aí está! Tão pequenino o meu menino e já tem mais vinte e nove milhões, novecentos e noventa e nove mil, novecentos e noventa e oito neurónios que a maior parte das pessoas que conheço...
Com a barriga a aumentar de tamanho e o Verão a entrar, a F. tem vindo a andar mais cansada e a "solicitar" da minha parte de um papel mais activo nas limpezas da casa. Bom, após umas horas de introspecção e de (uma vez mais) pesquisa na rede, acho que tenho a solução para o problema. - Bananas! As bananas são ricas em potássio, logo, uma fonte de energia que combate as caímbras e o cansaço. Et voilá, problema resolvido, " Sai um cacho de bananas prá mesa cinco!!!"
(Na próxima semana eu conto como ficou a história das bananas...)

sábado, 14 de maio de 2011

19 semanas

Ainda que ao pensarmos que faltam cerca de 21 semanas possa parecer imenso tempo, baseando-me no tempo volvido desde que descobrimos que tinhamos andado à chuva e que nos tinhamos molhado, a realidade é que quatro meses e meio passam num abrir e fechar de olhos. Assim, há que começar a estar atento a promoções de "coisas p´ra putos" nas grandes superfícies comerciais. No fundo é só uma questão de proceder a pequenas alterações nos hábitos já existentes. Se até aqui estava atento ás promoções de SuperBock Mini, entrecosto para grelhar e Mateus Rosé, agora há que alargar as "buscas" a outros corredores mais distantes. Falo lógicamente do corredor das fraldas, toalhetes, roupa interior, chupetas, biberões e por aí fora...
Numa primeira análise a frio dos preços dos artigos para bebé, só um pensamento me ocorre - "Alguém se anda a orientar com isto!", alguém tem que andar a fazer fortuna com os produtos para criança. Quinze euros por um pack de fraldas que por sinal até estão em promoção??? Isso equivale a quarenta e oito Superbock´s Mini. São 9,6 litros de cerveja... Dez litros de cerveja trocados por fraldas que não servem para outra coisa senão... Acho que já deu para perceber a idéia.
Depois temos os cremes... Os cremes... Mustela, Klorane, Uriage, Avéne, D´aveia... Eu sei lá... Mas afinal o que aconteceu ao bom e velho creme Nívea? Ao bom e velho pó de talco? Devem ter ido no mesmo saco de lixo que a palmada no rabo e a autoridade dos pais.
Como em tudo neste momento há uma tendência para o zelo exagerado. Protegem-se as crianças com cremes e mais cremes, vitaminas com todas as letras do abecedário, agasalhos sobre agasalhos, proteínas para isto, proteínas para aquilo...
Resultado? Sempre que os pirralhos saem à rua, constipam-se, obstipam-se e outras coisas acabadas em "ipam-se"!
Para ajudar á festa, o governo achou que o povo Português andava a enriquecer à conta do abono de família. Assim, em cinco escalões de avaliação em que o quatro e o cinco dizem respeito a desempregados, custa-me a entender o porquê da distinção dos restantes três se nenhum tem direito a abono. A bem das parcas economias, mais vale não levantar pó e manter as atenções à distância, não vá o o governo, a conselho do FMI achar que na condição de "empregado" ganho muito dinheiro e que se calhar ainda devia pagar...
Isto tudo para dizer que falta pouco tempo e há que fazer como a formiga, ir amealhando para quando chegar o Inverno termos provisões.
Esta semana os rins do pimpolho já começaram a funcionar, o que significa que já começa a fazer as primeiras "urinadelas", o que levanta a seguinte questão: - Se ainda não bebe cerveja, vai "urinar" o quê???
Segundo os especialistas, a área genital já está bem formada, o que quer dizer que na próxima ecografia já sabemos definitivamente se temos gajo ou se temos problemas sérios.
O tamanho do rebento deve neste momento rondar os treze a quinze centímetros e o peso ronda os duzentos e vinte gramas. Ou seja, o tamanho e peso de uma Eristoff Ice. É bem, é bem...
Esta semana a F. foi fazer uma visita de rotina com direito a ultra-som, nada tendo a assinalar, está tudo na mais Santa Paz.
E por falar em Santa Paz, o já mencionado site, Saúde,fok.com.br, aconselha esta semana o futuro pai a ler a biblia, mais própriamente, o Deuteronomio 11:18-28 para mais tarde passar os ensinamentos ao pirralho. Fui dar uma vista de olhos (a sério que fui) e deparei-me com isto:
"Ninguém resistirá diante de vós; o SENHOR vosso Deus porá sobre toda a terra que pisardes, o vosso terror e o temor de vós, como já vos tem dito." Ora aí está uma bela história para adormecer o petiz. E com o Marilyn Manson na ideia termino desejando - Sweet dreams!!!

sábado, 30 de abril de 2011

18 semanas

Bem, esta semana nem sei por onde deva começar.
Se alturas houve em que me parecia que este era o ano da natalidade, agora não restam dúvidas de qualquer ordem. Mais um pimpolho que vem a caminho no nosso circulo de amigos.
Sempre ouvi histórias de casais que se "enrolam" diáriamente durante anos para conseguir o tão desejado rebento. Actualmente, se hoje estamos a falar do desejo de..., para a semana estamos a comunicar que...! Não sei se é um facto genérico, sei que aqui pelas redondezas tem sido recorrente.
Gosto de pensar em mim e nos meus amigos como activos de uma "Tropa de Elite". Guerreiros do mais alto gabarito e infalívelmente certeiros. Uma espécie de Van Dammes  da reprodução!
Bom, de acordo com o site saude.fok.com.br/ esta semana o pirralho já mede cerca de treze centímetros e pesa cerca de cento e sessenta gramas. Já se começa a parecer com uma criança, tem início a ossificação e agora muita atenção... As orelhas estão formadas e o pintelho já nos consegue ouvir. Isto é importante. Cânticos clubísticos, nomeadamente visando o Benfica estão proíbidos pois empregam demasiados palavrões.
A minha esperança de que o rebento venha a ser Leixonense começa a desvanecer com o passar do tempo. Depois da época que o Porto fez, a quantidade de golos que marcou e as vezes que a F. gritou "golo do Porto", ou "Porto, Porto, Porto, Porto", o puto já vai nascer predestinado. Acho até que a primeira palavra da criança não será "pai" nem "mãe", mas sim um inequívoco e irremediavel "Pôto"!!!
Von Jovi, Robbie Williams ou Michael Bolton são escolha musical non-grata. Já Deolinda, Prince, Disturbed, Metallica e O panda vai à escola são presença preferencial na telefonia.
Parece que é também esta semana que o(a) catraio(a) se vai começar a mexer. Ora aí está algo por que esperar. Sentir o pontapear do pimpolho é coisa para me comover.
A F. anda mais satifeita agora que descobriu que o peso ganho é normal. ganhou cerca de quatro quilos e meio para um ganho aconselhado entre os quatro quilos e meio e os cinco quilos e oitocentas gramas.
A verdade seja dita, o crescimento da barriga da F. de alguma forma agrada a todos. Agrada-me a mim, pois acho-a adorável. Agora começo a entender a "sensualidade" da gravidez. E agrada á F. que vai ás compras quase todas as semanas e ora são umas túnicas, ora são uns vestidos que a deixam irresistivelmente "fófinha"!
Começa a pressão para iniciar as obras no quarto da criança. Já está tudo decidido. A côr das paredes, a cor dos móveis, tapetes, quadros, candeeiros, eu sei lá!
Ontem foi dia de "male bonding". Quando eu já andava convencido por todas as evidências e mais algumas que ia ter um "mini me" e que os "jagunços" que vejo entrar na casa do vizinho atrás da sua filha de desasseis anos não seriam uma preocupação num futuro distante, eis que dois dos membros honorários da fraternidade (os mais experiente nestas andanças da gestação e natalidade - duas crianças cada) teimaram comigo que estamos á espera de uma catraia. Eu sei que eles já tinham esvaziado uma quantidade impópria de garrafas de cerveja, mas não consigo deixar de pensar:
E se eles tiverem razão???

P.S. Hoje é "dia da mãe".
Um feliz dia da mãe pr´a mamã mais jeitosa do planeta!

Há no mundo muitas mamãs,
uns biliões de milhões de milhar,
Mas nenhuma tão sexy e fófinha,
Que chegue ao teu cancanhar...

E hoje no dia da mãe,
com um sorriso e um piscar de olho,
Deixamos um grande beijinho,
do Papá, Joka... e Pimpolho!

P.S.2- Termos como papá e mamã foram usados na necessidade do contexto tão somente, futuramente serão expressamente proíbidos.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

17 semanas

Bom... Enquanto tento escrever este post tenho o Joka a arranhar-me o braço como quem me diz "Faz-me uma festa, esse pirralho ainda nem nasceu e já me anda a roubar o tempo". Assim, vou escrevendo com uma mão e fazendo festas com a outra.
Cá estamos na décima sétima semana de gestação. Estamos quase a meio da temporada e começam a haver alterações realmente significativas. Umas para melhor, outras para pior.
Falar de comida é algo com que tenho que ter um certo cuidado. Todo o alimento, por mais ordinário ou intragável que é mencionado em conversa, vira de imediato objecto de desejo. Assim, as conversas alimentares devem ser mantidas num raio máximo de existência de vinte quilómetros. Falar do Bolo de Mel da Madeira ou dos Papos de anjo de Amarante ás duas da manhã é coisa parva e pode ter consequência pouco desejáveis.
Há no entanto mudanças positivas a destacar. Por volta da oitava semana, fase negra da fome para a F., estava na cama a ver a Degeneres pouco depois de acordar, quando a F. aparece com um tabuleiro de croissants, café e fruta. Pensei: "Eh lá... Já lá vão uns anos desde o último pequeno almoço na cama.". Aparentemente a contagem ia continuar porque afinal de contas era uma dose individual e eu não era o feliz contemplado. Ontem, apareceu de novo com um tabuleiro no quarto. Hesitei. As únicas palavras que me ocorreram foram: "Queres que me arrume para caber o tabuleiro?". Ela fez aquele sorriso maroto e baixou o tabuleiro mostrando dose dupla de tudo. Dois croissants, duas saladas de fruta, duas canecas de café. Fiquei comovido, admito.
As roupinhas e coisinhas e outras utilidades acabadas em "inhas" começam a inundar o meu espaço. O que era o meu escritório, o meu templo, o meu abrigo, cedo deixará de o ser. Começa a ser invadido por prendas para a criança e a espremer cada vez mais a minha zona de conforto. Esta semana chegaram de Sintra duas babetes. Uma azul e outra cor-de-rosa e com um grande símbolo do FCP. Foi um presente muito bonito, embora deva dizer, sem grande sentido pois esta criança será adepta fervorosa do Leixões.
Quem tem achado uma piadola aos tarecos da criança é o Joka que sempre que apanha uma camisola ou um brinquedo leva-o lá para fora para o pôr a arejar. À conta disto desenvolvi capacidades psíquicas. Comecei a ter visões. Vejo por exemplo que no futuro, o Joka vai apanhar muitas à conta da roupa e dos brinquedos da criancinha...
Susto aqui susto ali, cá vamos andando. Esta semana a F. teve dores de barriga. O que até aqui era "qualquer coisa que ela comeu", agora é um "Mas será que está tudo bem?". Está tudo em ordem, acho que será a falta de experiência a ditar esta minha reacção.
Conforme prometido, vou deixar aqui a receita da sangria fatal, ou fetal, neste caso. Foi-nos dada por uma amiga, e agora passo-a a vós mas com um aviso. Cuidado! Pelo sim pelo não, aconselha-se moderação. Preferencialmente, aconselha-se a sua degustação em local público e com muita gente, de modo a demover pensamentos e vontades de fazer coisas malucas. Se optarem por ignorar este aviso, então meus amigos, estão por conta própria!

Sangria de Champanhe com Frutos Vermelhos

- 1 garrafa de champanhe ou de espumante
- 150g de frutos silvestres
- Morangos q.b.
- 2 paus de canela
- 4 colheres de sopa de açúcar mascavado
- 50 ml de vodka
- 7up
- Gelo q.b.

Preparação: Num jarro coloque os frutos silvestres, o açúcar e a vodka.
Mexa.
Junte a canela e a garrafa de champanhe ou espumante.
Acabe de encher o jarro com a bebida gaseificada e o gelo.
Decore com os morangos e está pronta a servir.

P.S. Não se aceitam reclamações!